Saibamos que até a mais minúscula das sementes,
quando germinada, passa pelo seguimento da dor, graças ao meio ambiente onde se
encontra.
Existem certas tempestades que destroçam e extenuam a alma.
Tomando-nos de surpresa, impiedosa provação qual a de um súbito torvelinho
destrói-nos o laborioso fruto do trabalho perseverante e honesto. Representemos
as folhas pressionadas pela força do vento fero a sede dos sentimentos, das
emoções e da consciência, a experimentar abalo, perplexidade e embaraço.
Tal como a folhagem que a ventania destruidora comprime, a
Alma aflige-se. Tácita e aturdida, a criatura sente-se carecida de arrimo, sem
a ideia do que seja o mais judicioso e acertado. À medida que se apagam as
ilusões, ela fixa no alto o olhar; mas, o céu, carregado das nuvens da
incerteza, esconde a claridade meridiana da crença, torturando-lhe o coração.
Fim das guerras,
quarteis, palácios e prisões
Escreveu o célebre escritor e novelista russo Leo Nikolaievitch, o conde de Tolstoi (1828/1910), ou Leon Tolstoi, sobre a vinda de um tempo em que os homens escutariam atentamente os apelos divinos (não os apelos do deus bíblico antropomorfo) e, em prol de si mesmos, esqueceriam a guerra, embainhariam as espadas, guardariam as lanças, tempo em que as fortalezas, os quartéis, os palácios, as prisões ficariam vazios. “Mas quando virá?” — indagou de si mesmo o partidário da não violência e da abolição da propriedade, o também pedagogo e autor da obra prima: Guerra e Paz. Necessário se torna mudar; nesse caso, mudar de diretiva para o verdadeiro sentido da vida, para a fonte inesgotável e eterna.
Negligenciamos esse dom precioso: o poder de amar. Tornamo-nos
incapazes de compreender nossos companheiros do ciclo existencial, as palavras
deixaram de ter o sentido de outrora, e o tesouro de nosso coração corroeu-se
pelas más ações do pensamento e da palavra, fazendo repetir frases de ordem
egoísticas e de arrogância, de ódio e intransigência, de mágoa.
O homem calou o próprio
coração
É por isso que, até os dias de hoje, a dor continua presente
no mundo, sem antevermos o seu termo, porque o homem calou o próprio coração,
sufocou os preceitos morais. O mal do mundo reflete o mal de cada um de nós;
porquanto a humanidade inteira deve aprender a sofrer; só assim nos livraremos
das misérias da alma.
Explicou o brilhante Herculano Pires em suas sábias ilações
sobre as coisas essenciais e eternas, à luz do Espiritismo, que até a mais minúscula das sementes, quando germinada, passa pelo seguimento da dor, graças ao meio
ambiente onde se encontra. Segundo ele, os estímulos e desafios dos elementos
que a cercam, um dia, poderão torná-la uma árvore frondosa e acolhedora. “Isso,
no plano humano, consideraríamos como DOR”, disse o mestre. O processo
evolutivo é doloroso, sim, ao qual estamos intrinsecamente subordinados, mas o
que é esse sofrimento diante da eternidade?... Porém, os bondosos Espíritos
adiantaram que a rapidez ou a morosidade de seu clímax, só dependerá de nós.
No início de mais estes primeiros meses dos calendários juliano e gregoriano, cumpramos com maior regularidade, com mais afinco as nossas obrigações. Que nos encorajemos sinceramente, agora mais que nunca, a fazer brilhar a nossa própria luz interna, para que o prometido reino de Deus, anelado por tantos, seja construído por nós e a partir de nós, ainda que diante de novas arremetidas da ventania violenta e repentina da existência.
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