Se nos entregarmos às induções da mídia, a certos programas de TV, do tipo reality show, é possível acolhermos automaticamente conceitos e um conjunto de influências perniciosas.
Quem entre os espíritas já não leu ou escreveu, ou falou, ou
ouviu falar a respeito de vigilância e oração?! Acredite ! Tem gente que pensa
que “vigiar” quer dizer vigiar os outros, e, ainda por cima “orando”, para que
não deem prejuízo... Este conselho — vigiar e orar — encerra grande
profundidade como todos os conselhos do Mestre Jesus, oferecidos a exame.
Tudo o que pensamos, falamos e fazemos transforma-se em ondas
vibráteis a se expandir em nível inacessível. Todo efeito provém do núcleo
vibratório de nossos conseguimentos mentais, essa curiosa zona indecifrável
pela ciência. Nossas ações indicam a qualidade moral-espiritual somente
respeitante a nós. Quaisquer pareceres, imagens conservadas na tela da nossa
estrutura psíquica serão de inteira autoria nossa, quer resultem do próprio
pensamento, quer não resultem.
Toda manifestação de um ponto de vista nos situará na
categoria de causadores conscientes por meio de um julgamento, de uma proposta
ou de qualquer significado mental por nós admitido, concreto ou abstrato.
Tornadas possíveis as ideias por nós produzidas, o sentimento as assimilará de
pronto, codificando-as no âmbito da silenciosa engrenagem do raciocínio.
Apropriando-se o sentimento do que pensamos, a energia mental
será por ele solidificada sob influxo de admirável sutileza. Tal processo que
tem a ver com a corrente energética do campo imponderável é que consiste nessas
duas aptidões íntimas de toda criatura favorecida de raciocínio e
discernimento. Por causa dessas duas capacidades é que uns vivem cativos dos
outros.
Pensamentos e sentimentos unem todas as criaturas pelos laços
dos gostos e pendores já que ninguém se acha isolado e todo mundo pensa e sente
com liberdade. Dessa reciprocidade suscetível de influência de uns sobre os
outros pode provir de modo consciente ou inconscientemente uma comunicação de
pensamentos benéficos, uma sensação de bem-estar ou de sombrias induções
hipnóticas, causa de enormes infortúnios, de lamentável ausência de equilíbrio.1
Como consequência de irremediável vínculo, acontece uma série
de sucedimentos aos quais todas as individualidades se veem submetidas. Uma vez
pressionadas por tão vigorosa influência, suscitamos atitudes e palavras
imperceptíveis ao meio material. É muito difícil saber se propósitos, ideias
originam-se mesmo do nosso íntimo. Por falar nisso, essa complexidade faz parte
do nosso crescimento espiritual, e aí vemos como é imensa a sabedoria de Jesus
no tocante ao referido conselho: Vigiai e orai para não cairdes em
tentação.2
Por que vigiar e orar
Vigiai e orai, aparente alvitre singelo, encerra conteúdo de
cunho eminente. Por estarmos com frequência, a cada passo diário, sujeitos a
disposições de ânimo para a prática de coisas diversas ou censuráveis (caindo
em tentação), esse oportuno aviso do Mestre indica prudência, bom senso.
São diversas as circunstâncias nas quais, de ordinário,
colhemos vários tipos de informes em nosso dia a dia, segundo o Espírito André
Luiz. Disse ele que tudo começa a partir de notícias, avisos, queixas,
críticas, sentenças daqueles que compartilham conosco do mesmo teto e nos
dirigem a palavra.3 Se em
seguida nos entregamos, às induções da mídia, a certos programas de TV, como
por exemplo os do tipo reality show, acolhemos automaticamente
conceitos, testemunhando um conjunto de influências perniciosas.
A via pública, outra intensa fonte indutiva, nela somos
impelidos a diversos atrativos, “viajando ou caminhando, anotando as novidades
da hora ou deglutindo anúncios comerciais”, consoante André Luiz. No exercício
da profissão usamos de uma máscara, decidimo-nos por um personagem adequado ao
meio, representado por nós em serviço, e, “à noite, comumente manuseamos livros
e publicações com os quais nos afinamos ou assistimos a espetáculos, procuramos
entretenimentos entre amigos e assimilamos múltiplas sugestões com que nos
influenciam o repouso”, concluiu o ínclito instrutor.
Disse ainda André que o Espírito benfeitor ou malfeitor
consegue invadir o nosso maior patrimônio, a casa mental, transpassando todos
os escaninhos, devassando-lhe todos os segredos, decifrando-lhe todos os
mistérios.4 Por isso, o
verbo “vigiar” refere-se ao ato de se pesquisar as nossas próprias
imperfeições, o “conhece-te a ti mesmo” daquele filósofo da Antiguidade. Já a
“oração” é preciosa ferramenta de suporte e resguardo: apoiada na fé
inabalável, ela nos defende de possíveis ideias que nos insurjam do âmago ou se
manifestem em circunstâncias de frequência com algum sistema externo de
imposições.
Desenvolvamos o nosso próprio raciocínio, embora nos seja
lícito admirarmos o dos outros e até aceitá-lo se oportuno. A Doutrina
Espírita, sublime tratado preventivo contra danos da Alma, oferece-nos a fé
raciocinada, a que encara a razão, face a face, em todas as épocas da
humanidade; ela nos ensina a separar o joio do trigo através do livre exame sob
o exercício da vigilância humilde e o suporte da oração sincera, salvando-nos
da queda no precipício do erro e dos enganos ardilosos das obsessões
espirituais.
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1XAVIER, Francisco C. Nos domínios
da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 22. ed . Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira (FEB), 1994. Capítulo 19, página 86.
2_____ . C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed .
Rio de Janeiro: FEB, 2005. Tema 110, p. 255.
3VIEIRA,
Waldo/XAVIER, Francisco C. Sol nas almas . Pelo Espírito André Luiz.
8. ed . Uberaba: Comunhão Espírita Cristã (CEC), 1990. Tema 17, p. 58.
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