Davilson Silva-
O ilustre Ramiro Gama contou que um certo simpatizante do
Espiritismo muito desejava conhecer Chico Xavier. O homem, cuja fé claudicava,
supunha que, ao falar com o médium, ela ficaria mais sólida, imaginando alguma
novidade provinda do Além. Nesse tempo, Chico residia em Pedro Leopoldo, Minas
Gerais, e já era ocupadíssimo funcionário de uma repartição pública. Pouco
tempo ele dispunha para visitantes em sua residência. Por instância dos
compromissos profissionais, encontrava-se sempre fora, daí, naquela fase,
qualquer um não encontrá-lo facilmente em casa.
O homem não se conformava com a ideia de Chico não ter tempo
algum disponível para recebê-lo em sua residência. Da cidade de Santos, litoral
paulista, ele viajou diversas vezes até aquela outra da região metropolitana da
simpática capital mineira, Belo Horizonte. O homem insistia, insistia, e nada.
Por último, não podendo mais permanecer em Pedro Leopoldo, regressou para
Santos frustrado, acabrunhado, decepcionado.
Ao se lembrar do fato, falava a todo o mundo:
“Duvido da mediunidade! Imagine o meu caso com o Chico
Xavier. Viajo a Pedro Leopoldo com todo o sacrifício de tempo e dinheiro pra
não ver nem sombra dele. Ah! Quer saber? Perdi de uma vez por toda a minha fé.
Tudo não passa de simples fraude, e estou convencido de que o Chico se esconde
para melhor sustentar a mistificação.”
Sabedor do caso, um confrade espírita tratou logo de
escrever uma carta endereçada a Chico, instando-o a que encontrasse um tempo
para atender o homem. Segundo o confrade, ele se tornara mais um daqueles
críticos acerbos do Espiritismo, inclusive pondo em dúvida a competência
medianímica e valor moral do querido médium. Chico, é claro, ficou preocupado,
sem saber se deveria ou não atender o queixoso e malfalante.
Então, ao recorrer ao Espírito Emmanuel, seu mentor
espiritual, perguntou:
— Que devo fazer?
— Deixe esse caso para traz. Se a fé nesse homem erguer-se
sobre você, é melhor que ele a perca desde já porque somos criaturas falíveis.
A fé para ele e para nós deve ser construída em Jesus Cristo porque somente
confiando em Jesus, imitando-Lhe os exemplos é que seguiremos para Deus, disse
o devotado orientador com serena precisão.
* * * * *
“... Quanto mais nos estendemos no serviço espiritual com o
público, menos nos pertencemos...” (Do livro Chico Xavier,
Mediunidade e Vida, de Carlos A. Bacelli.)
“Em muitas ocasiões, seguir da cadeira em que ouço os corações
que nos procuram até o lugar e que devo me acomodar perto de vocês, na
mesa-núcleo do serviço espiritual, me pesa mais do que uma excursão de muitos
quilômetros a pé. A dor de tanta gente me penetra a alma toda...” (Do mesmo livro, do mesmo autor.)
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