Davilson Silva-
Infância! Eis um tempo de deleite e alegria de
viver... Nem todos os meninos e meninas vivem em situação igual neste
mundo, podem desfrutar de um playground repleto de brinquedos que lhes
proporcionem instantes de alegria. Seja onde for e como for, ainda assim, para
eles não existe passado nem futuro. À certa distância, ponho-me a
refletir, vendo-os livremente a entreter-se uns com os outros em condições
diversas, e, em outras vezes, até adversas.
Simplesmente as crianças aproveitam cada hora recreativa de
tudo ao alcance. A infância é um eterno estado de energia absoluta, em que se
faz uso da descoberta do mundo em sua multiplicidade das coisas. Diga-se, an
passant, Saint-Exupéry apresentou como argumento o fato de as pessoas crescidas
terem sempre que ter explicação de tudo porque, segundo ele, nunca podem
compreender as coisas sozinhas.
As crianças, indistintamente, sempre me inspiraram profunda
deferência e um grande impulso reprimido de sentimento de afeto. Fico segundos,
minutos a imaginar o que algumas das que vejo podem vir a ser um dia... Já
exclamava Camilo Castelo Branco: “A infância é como a água que desce da bica, e
nunca mais sobe." Oportunidade única, sim, em concordância com
o grande escritor lisboeta, porque cada volta do eterno e sucessivo retorno há
um novo sentido de consideráveis alterações.
Digo ainda, as infâncias são como tempos primaverais,
aparentando igualdade, a mesma cor e o laminar formato verde das
plantas floríferas. No viço de nossa época primeira parecemos qual densa
folhagem do fascinante período do ano que sucede ao inverno e antecede o verão.
Meu amigo ou minha amiga, uma vez você se viu como os
pequeninos de agora. Devemos o maior respeito às crianças, e onde quer que
exista uma, duas, três ou mais sob seus cuidados ou de outrem, dê-lhes ternura,
escute-as; seja amável, estenda a mão em proveito do seu crescimento
espiritual. Ao olhar uma criança, veja nela a possibilidade de um mundo melhor,
bem menos atribulado que o de agora, a viverem os povos em paz e concórdia. Por
fim, nunca prometa o que não pode cumprir: mentindo à criança, além de ela
nunca mais acreditar em suas palavras, você estará ensinando-a a tornar-se um
adulto mentiroso; talvez um indivíduo desleal, corrupto, desumano como tantos
que há por aí.
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