Davilson Silva-
Ah, Chico! Que saudade! Dez anos sem o amigo e irmão querido!
Recordo-me daqueles alegres instantes em que o povo comemorava nos lares,
ruas, praças e avenidas das cidades brasileiras a valorosa conquista do
pentacampeonato durante a Copa do Mundo de Futebol da FIFA de 2002...
E você, querido, aproveitou-se deste instante para regressar à Pátria
Espiritual.
Francisco Cândido Xavier, ou Chico Xavier, ou simplesmente
Chico, um grande ser humano, e médium de Jesus por excelência.
Retirou-se do convívio dos parentes, amigos e admiradores de quase todos
os cantos do globo, naquele festivo domingo de 30 de junho de 2002, cerca
das 19h30, qual passarinho que ganha a liberdade sem alvoroço. Alçou voo
mais alto sem que ninguém o percebesse. Confirmado pelos mais íntimos, de
há muito Chico dizia saber a data do seu desenlace, e, ao se perguntar quando
aconteceria, apenas dava como resposta: “No dia em que o povo brasileiro se
sentirá muito alegre”...
Chico e a sua cadelinha Boneca
|
Tomava ele o saboroso cafezinho de sempre para, em seguida, de
mãos postas, dar a entender aos mais próximos que fazia apenas a costumeira
prece antes de se entregar ao sono. Provavelmente, Chico mostrara-se grato a
Deus por tudo, pedindo por todos nós, pela Humanidade. Até no ato de
desprendimento do corpo físico ele se manteve humilde, discreto como sempre
foi, preferindo sair à francesa, isto é, de fininho.
O povo brasileiro sentiu demais a sua falta. Lembro-me da
comovente figura de um homem a debulhar-se em lágrimas, envolto numa bandeira
nacional, no momento em que o veículo do Corpo de Bombeiros conduzia o esquife
à sepultura. Aos gritos, dizia ele: “Chico! O Brasil está órfão sem você!”
Ah, como nossa gente ficou triste! Ainda que feliz e
embevecido com a inesquecível façanha da nossa Seleção Brasileira de Futebol
nos campos coreanos e japoneses, principalmente, o simpático e acolhedor povo
de Minas Gerais, seus carinhosos conterrâneos que o elegeram o Mineiro do
Século 20, sentiram a sua falta.
Chico recebeu muito carinho e reconhecimento, mas também nunca
deixou de ser vítima da injúria, da ingratidão. Porém, ele nunca maldisse os
que o decepcionaram, o ofenderam, jamais emitindo sequer uma palavra aos que
tentaram difamá-lo. Dono de sadio e refinado senso de humor, adorava contar os
divertidos causos. Se ele sentia alguma tristeza, afinal era um ser
humano, fazia por onde não demonstrá-la. Desânimo, não era com ele. Alguns
costumavam exclamar: “Estar ao lado do Chico é estar pertinho de Deus”...
Milhares de mães aflitas receberam o bálsamo consolador
daquilo que tanto queriam ouvir através de sua abençoada faculdade
psicográfica: as doces e maviosas palavras do ente amado que acabara de partir.
Consideravam-no um “santo”, e ele imediatamente contradizia isso; é que as
mães, pais, viúvas que o procuravam, os que carregavam a cruz da angústia nos
ombros, cada uma mais pesada que a outra, sentiam dulcificante alívio pela
certeza de que seus “mortos” tinham sobrevivido a inevitável transição. Nem por
isso, Chico auferiu lucros, nada pediu em troca direta ou
indiretamente, tampouco se exibiu na mídia para se promover; se algumas vezes
ele apareceu no vídeo do televisor, foi para falar em nome de Emmanuel, o
seu Guia Espiritual (e por que não dizer de todos nós?!), do amor e sabedoria
de Jesus à luz da Doutrina Espírita.
Transferia os direitos autorais a instituições de caridade.
Quanto à sua digníssima obra psicografada, cada uma segundo peculiar estilo dos
célebres autores desencanados que dele se utilizavam, grande parte delas
favoreceram e ainda favorecem financeiramente instituições como o Hospital do
Pênfigo Foliáceo, fundado pela admirável Conceição Aparecida, sua grande amiga
de muitos anos. Foram mais de 400 livros editados, já tendo ultrapassado mais
de 20 milhões de exemplares vendidos.
Chico Xavier... Ausentou-se discreto no momento em que tudo
era intensa alegria. Ele chegou aqui e saiu do mesmo jeito: sem alarde, pobre, só
que ainda mais rico... Rico do “tesouro do seu coração”! Ele não parou de
exercer o ofício do Bem. Nada de “descanso eterno” com ele. Aliás, no começo
deste ano, numa reunião nossa, dedicada aos efeitos físicos, perguntamos
se Chico estava em plena atividade no Plano Espiritual e o Espírito
Palminha, materializado, imediata e
categoricamente nos respondeu que sim.
Muito agradecido, querido Chico, pelos exemplos de verdadeiro
seguidor de Jesus que você nos deu através da fé, esperança e caridade. Receba
o nosso sincero e terno abraço de eternos irmãos em Jesus.
* * * * *
“Se nós pudéssemos colocar uma legenda na frente de cada
conjunto residencial, de cada cidade, de cada aldeia, de cada metrópole, de
cada grande capital do progresso humano, se nós pudéssemos e
tivéssemos bastante autoridade para isso, escolheríamos aquela frase
de nosso Senhor Jesus Cristo quando ele nos disse: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
No comments :
Post a Comment