Davilson Silva-
Doar coisas materiais tem o seu valor; todavia, poucos o fazem por desprendimento, movidos apenas pelo desejo de doar do que lhe sobra, ou pelo interesse de prestígio, poder, riqueza, etc.
Doar coisas materiais tem o seu valor; todavia, poucos o fazem por desprendimento, movidos apenas pelo desejo de doar do que lhe sobra, ou pelo interesse de prestígio, poder, riqueza, etc.
Em geral, entende-se por caridade a esmola que se dá ao
pobre, ao indigente. Sem dúvida alguma, dar esmola não deixa de ser um gesto de
compaixão despertada pelo infortúnio, pela carência do próximo.
Esmola é o mesmo que filantropia? Não. Filantropia tem a ver
com solidariedade humanista, o que não deixa de ter certo grau de amor ao
próximo, ao destinarem alguns homens altas somas aplicadas em obras de
importância social ou em benefício de diversos setores da Ciência, da Arte, da
Higiene, enfim, do Humanismo. Agora, caridade, como a entendemos, é produto da
fé, portanto, diferenciando de esmola e filantropia como vulgarmente se
compreende.
O rei Luís I de Portugal e da Rainha Maria Pia, dando
esmolas aos pobres, no Porto, em 1872.
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Aumenta o número
de filantropos
Filantropos muito ricos do passado, tais como Henry Ford,
John Rockefeller e outros benfeitores, tornaram efetivas grandes contribuições
em prol dos que não possuem os bens necessários, pessoas carentes de diversos
cantos do planeta. Cresce, nos dias de hoje, o número de empresários
filantropos, bilionários que resolveram seguir o exemplo de Warren Buffett e de
Bill Gates, os quais também como estes, se dispuseram a doar metade de suas
fortunas acumuladas em toda a sua existência.
Então, esmola não diz respeito a filantropia nem caridade?
Não. Esmola consiste na oferta casual de um donativo monetário em benefício do
pobre, do mendigo, enfim, de quem padeça privações. Doar coisas materiais tem o
seu valor; todavia, poucos o fazem por desprendimento, movidos apenas pelo
desejo de doar do que lhe sobra, ou pelo interesse de
prestígio, poder, riqueza, etc. Neste passo, indivíduos vaidosos,
mesmo os traficantes de drogas, os políticos corruptos, os tiranos e outros
podem ser vistos como filantropos e até caridosos.
O ato da esmola ou da filantropia em favor do aspecto social
da vida coletiva, interessado também na produção e transmissão de
conhecimentos, na criação intelectual e artística, etc., difere da genuína
caridade. Esmola, filantropia independem da fé, e essa caridade é impossível
sem ela; uma não sobrevive sem a outra. A caridade autêntica, isto é, a
sublimada, só uma fé inabalável, sincera pode inspirá-la; aquele que a possui
jamais vacila ante a inveja, a maledicência, a ingratidões.
Em suma, a caridade sublimada oculta a mão que socorre, não
espera recompensa. Além de caridade material, ela pode ser caridade moral: o
benfeitor tem todo o cuidado de não ferir o amor-próprio do beneficiado ao lhe
ofertar algo. Já o ato sem nenhum intento do bem pelo bem da esmola e
da filantropia só terá como resposta o reconhecimento efêmero do bajulismo ou
do aplauso hipócrita. Somente a referida caridade faz a pessoa fruir de
indizível e profunda alegria que, por si só, já é uma bela e
cariciável recompensa.
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