Adquirindo consciência de si próprio, no homem surgiu a necessidade de contemplar, de render culto a algo estranho e superior...
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650. A adoração é o resultado de um sentimento inato ou
produto de um ensinamento?
— Sentimento inato, como o da Divindade. A consciência de sua
fragilidade leva o homem a se curvar diante dAquele que o pode proteger.
651. Houve povos desprovidos de todo sentimento de adoração?
— Não, porque jamais houve povos ateus. Todos compreendem que
há, acima deles, um Ser supremo.*
O nosso Pai Celestial sempre triunfou sobre a pretensão da
ignorância humana de limitá-Lo ou de anulá-Lo. É impossível ignorar que pisamos
o solo de um pequeno planeta no meio de imenso espaço indefinido, suspenso por
extraordinária força invisível.
Os nossos ancestrais não precisaram perlustrar o imensurável
universo com a ajuda científico-tecnológica para admitir a realidade da
presença divina. Passando o homem a ter novas expressões biológicas,
depois de uma transformação visceral em sua estrutura, desenvolveu-se nele o
atributo de estabelecer julgamentos morais de seus atos; nasceu então o
sentimento de reverência e temor ao imponderável.
Adquirindo consciência de si próprio, no homem surgiu a
necessidade de contemplar, de render culto a algo estranho e superior,
reconhecidas forças que o faziam prostrar-se diante delas, venerando-as e, ao
mesmo tempo, temendo-as. Acreditavam os nossos longínquos antepassados que os
fenômenos naturais, os acontecimentos sem a intervenção humana, tais como erupções
vulcânicas, inundações, incêndios, etc., estariam sob controle dessas forças,
daí, diversos deuses, suas peculiares funções e atributos.
Esses deuses intermediários da Divindade Maior,
consideravam-nos também divindades superiores. Tidas como sagradas, essas
divindades adotavam diversas formas tanto antropomórficas como zoomórficas.
Sobretudo, referente à vida e à morte, tinham as criaturas imenso receio de não
contrariá-las, agradando-as com ritos de oferendas, com cânticos, danças,
sacrifícios e magias.
Deus único
Portanto jamais existiram ou existirão povos ateus, e a
adoração ao Criador, em suma, é um sentimento inato ao homem, tendência natural
do Espírito encarnado. Ainda há controvérsias, diversos pontos de vista. A
ideia espírita sobre um Deus único, por exemplo, está muito bem definida e
isenta de quaisquer crendices, longe de quaisquer resquícios antropomórficos
como ainda subsistem em religiões e seitas de agora.
Nos dias de hoje, Deus é aceito de um modo muito simples e,
ao mesmo tempo, de um modo bastante confuso. Diante de interpretações
contrárias ao bom senso, que turvam a sabedoria, a justiça e bondade com que o
Criador conduz as coisas, parece até que há mais de um
Deus, especialmente, entre cristãos. Apesar da fé cega, do
fanatismo que discrimina, insulta, difama pessoas, instituições e, quando
muito, destrói, mata com seus homens-bomba, ainda assim, o nosso Pai, causa
única e primeira de todas as coisas, a suprema e soberana inteligência, o
eterno, imutável e imaterial, o todo-poderoso, soberanamente justo e bom, está
consolidado.
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* Perguntas e respostas do capítulo 2.º, de O Livro dos
Espíritos.
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