Fé, uma força inata
das faculdades humanas
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Fé, de modo geral, refere-se a confiança nas próprias forças
para efetuar algo, certeza de se atingir determinado fim, firmeza no ato de uma
promessa ou compromisso, e outras acepções. Ter fé (do latim, fides,
fidelidade, e do grego, pistia, acreditar) é também
estar convicto do que se supõe ser verdadeiro sem exigência de provas ou de
alguma pesquisa, de uma análise por absoluto confiança em sua procedência.
Não é só religiosa
Fé não tem sentido apenas religioso como vulgarmente se
entende, só porque Jesus Cristo a revelou como poderosa alavanca e fizeram dEle
chefe de religião, daí, interpretá-la como lealdade a determinados ritos e
crenças religiosas, transmitidos como supostos princípios verdadeiros,
indiscutíveis, por grupos sociais ou mesmo por um um grupo consanguíneo como,
por exemplo, a família.
Fé não passa de força inata das faculdades humanas, a qual
jaz latente no íntimo de cada um, e só cabe ao homem fazê-la desabrochar,
desenvolvê-la de acordo com o próprio desejo. Ela pode produzir o que dizem ser
“milagre”, ou “prodígio”. Se qualquer um tivesse noção de sua própria
força e se desejasse por o desejo a serviço dela, realizaria os denominados
fenômenos paranormais que, diga-se a propósito, nada tem a ver
com “sobrenatural”.
Mais orgulho que fé
Fé que nada examina, pode admitir tanto o falso quanto o
verdadeiro. Os que se sustentam desse tipo de fé cega costumam ofender,
caluniar os que com suas ideias não se coadunam; neste caso, é mais orgulho que
fé, por isso suprem-lhe a fragilidade com a intolerância. Já os que se apoiam
no bom senso, a sua fé é robusta, sincera, calma, paciente por estabelecer
relações lógicas. Tal é a fé espírita, a única que encara de frente a razão em
todas as épocas da humanidade; o que foi verdade ontem, há de ser verdade
sempre.
Não se impõe a fé sob ameaças e violências. Coagir alguém a
aceitar este ou aquele modo de crer é demonstrar incapacidade de provar que
está com a razão. Fé se adquire e qualquer um pode tê-la, mesmo os mais
descrentes, e não falamos aqui de crença específica, e sim de verdades espirituais
fundamentais.
Dos aspectos da
fé
A fé pode ser humana ou divina . Quanto a este asserto, temos
a seguinte ilação que consta de uma mensagem mediúnica ditada em Paris, França,
no ano de 1863, portanto, no século 19:
A fé é humana ou divina, segundo a
aplicação que o homem der às suas necessidades, em relação às necessidades
terrenas ou às suas aspirações celestes e futuras. O homem de gênio, que persegue
a realização de um grande empreendimento, triunfa se tem fé, porque sente em si
mesmo que pode e deve triunfar, essa certeza íntima lhe dá uma extraordinária
força. O homem de bem que, crendo no seu futuro celeste, quer preencher a sua
vida com nobres e belas ações, tira da sua fé, da certeza da felicidade que o
espera, a força necessária, e ainda nesse caso se realizam os milagres da
caridade, do sacrifício e da abnegação. E, por fim, não há más inclinações que,
com a fé, não possam se vencidas.
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*KARDEC, Allan. O
evangelho segundo o espiritismo. Tradução Herculano Pires. 62. ed . São
Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec Editora, 2001. Capítulo 19, item 12,
página 248.
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