Davilson Silva-
Enquanto do egoísmo se deriva todo o mal que de Deus afasta
o homem, as virtudes Dele aproximam.
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Assassínio de Dona Inês de Castro, obra do pintor português Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) |
Qual o melhor
meio de se combater este escolho: o Egoísmo? Longe de diminuir, ele cresce com
as civilizações que o estimulam. O egoísmo será banido da Terra? Os Espíritos
disseram que ele é necessário para que o mal que causa faça compreender a
necessidade de sua erradicação da sede dos sentimentos, das emoções, da
consciência.
O egoísmo
constitui o mais inexorável de todos os vícios.1 De todas as imperfeições humanas, essa é a mais
difícil de extinguir por causa da influência ainda muito forte da matéria,
entranhada no homem, da qual ele se encontra bem próximo, não podendo se libertar
facilmente desse predomínio. O egoísmo, ou amor excessivo ao bem próprio sem considerar
os interesses alheios, pode ser vencido sim; tudo depende de uma força: a espiritualização
de nós mesmos.
Conceito elevado da personalidade
O egoísmo
também tem a ver com o conceito elevado que se dá à personalidade. Conforme a
criatura humana se espiritualiza, vê nele o seu verdadeiro inimigo e
procura combatê-lo. Tudo, porém, concorre para o domínio do egoísmo sobre a
humanidade através de suas leis, de suas organizações sociais e educativas; o
melhor meio de se combater essa chaga da humanidade é deixarmos de dar aquela excessiva importância ao bem próprio, reconhecendo de fato o que
moralmente representamos. Assim é que se começa a dar combate ao egoísmo que
faz com que a criatura só pense em si, exclusivamente em si.
Enquanto do
egoísmo se deriva todo o mal que de Deus afasta o homem, as virtudes Dele
aproximam. A virtude, o oposto desse grave defeito da alma que inclina o ser humano
a atitudes negativas, é um sentimento que o impulsiona a considerar o próximo,
a pesquisar as nossas próprias imperfeições. Lembremos daquele sábio conselho
de um conhecido filósofo da Antiguidade: “Conhece-te a ti mesmo”.
Como combater
Combate-se
esse defeito pela raiz, desde os primeiros instantes do processo de
desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano,
visando à sua melhor integração individual e social. O autoconhecimento é a
base que leva a criatura alcançar o sentido da solidariedade e fraternidade,
sendo, em seguida, um passo para a reforma necessária das instituições humanas,
sobretudo, da educação, não necessariamente essa educação das instituições de
ensino, e sim a que pode de verdade formar homens de bem. Segundo o Espírito
Emmanuel, só a escola educativa do lar possui uma fonte que renova: o
Evangelho; e há, portanto, um só modelo de mestre: a personalidade excelsa de
Jesus.2
Egoísmo: uma
praga social, doença da alma que deveria ser combatida como deveras são
combatidas as epidemias. Um vício difícil, mas não impossível de se vencer. É
certo que, nos dias de hoje, mais que em outras épocas, há os que possuem
sentimentos de generosidade, de fraternidade; mas ainda falta muito para se
atingir aquele nível de benevolência ensinada e exemplificada por nosso Mestre
Jesus. Um dos meios para ver se já somos menos egoístas é este: a humildade de
admitir onde terminam os nossos direitos e começam os dos outros. É tudo.
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¹KARDEC,
Allan. O livro dos espíritos.
Tradução Herculano Pires. 62. Ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec
Editora, 2001. Capítulo 12, questão 913, página 299.
²XAVIER,
Francisco C. O consolador. Pelo
Espírito Emmanuel. 17. Ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB),
1995. Cap. 5.°, q. 112, p.74.
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