Davilson Silva-
Acerca da integridade e transparência, ocorreu-nos as
pinturas a óleo de efeitos singulares do célebre pintor francês, Claude Monet,
pinturas da série Nenúfares (ou ninfeias). Quão belas são as suas
obras de arte, sobretudo, os diáfanos e exuberantes espelhos d'água. Esse
extraordinário mestre do Impressionismo tem o poder, a magia de encantar com
suas ativas e suaves pinceladas, oferecendo aos sentidos um prazer brando e
delicado, sobretudo, em telas que retratam o lago dos jardins da sua antiga
residência, em Giverny, França.
Trazendo essa ideia para o campo do modo íntimo de ser dos
indivíduos, e por analogia, as obras de uma pessoa se resumem em sua
integridade ou na falta dela. Pelas próprias atitudes, em relação aos que estão
à sua volta, a pessoa será efetivamente amada pela superioridade moral, por sua
bondade, ou lamentavelmente desmoralizada por seu feitio impassível, detestável.
De que vale o homem ter todo o conhecimento do mundo, toda a
cultura, todo o poder, todo o prestígio e até o considerarem um grande
filantropo se não possui integridade e transparência? A falta de integridade
fatalmente o levará ao descrédito, apesar de ele se presumir acima do bem e do
mal.
O homem íntegro, o mesmo que homem de bem, ele o é porque,
inclusive sereno, não se lhe notamos resquícios de arrogância, de amor-próprio
ferido; ele, acima de tudo, sabe perdoar de verdade as fraquezas do próximo e
condói-se dos infelizes. Consciente de que não atingiu a perfeição, analisa as
próprias falhas morais para, no começo de todos os dias, apresentar-se cada vez
melhor diante dos semelhantes em quaisquer circunstâncias.
Pessoas, homens e mulheres dignos, não dissimulam nem vivem
a criar tipos a fim de demonstrarem virtudes em si inexistentes, tampouco magoam
ainda que sinceros. Pessoa do tipo pusilânime costuma dissimular, omite-se ante
uma responsabilidade em favor de alguém ou de terceiros, esquiva-se de agir com
justiça por interesses escusos ou por covardia, ou mesmo pela falta
de boa vontade que a assinala; promete, mas não cumpre, e sempre dá desculpas esfarrapadas.
Como as águas brandas e cristalinas dos quadros de Monet, as
quais se nos afiguram a representação da serenidade e integridade vibrantes,
assim como a energia franca das obras de Dalí que nos impele a reflexões profundas,
podemos, por nossa vez, produzir benefícios através da inteireza de nossa
lisura de procedimentos. Qualquer um pode se servir das “boas obras”.
O nosso futuro, meu caro amigo ou minha cara amiga, só
depende de nós alcançá-lo. Só seremos felizes se, hoje, fizermos por onde nos
tornarmos melhores; quanto mais nos adiantarmos nesse propósito, esforçando-nos
e mantendo-nos nele, tanto mais cedo será feliz e bem mais fácil de viver o
nosso amanhã.
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