Davilson Silva-
A diferença entre ectoplasma e materialização acha-se mesmo
no modo pelo qual se lhes verificam os fenômenos, embora os fins se equivalham.
Para quem gosta de ler, de pesquisar, de ouvir falar
sobre Materialização de Espíritos, Ectoplasmia, o certo é: assisti a
uma sessão de Materialização ou assisti a uma sessão de Ectoplasmia? Essas duas
expressões têm o mesmo sentido? Pesquisadores denominam médiuns de ectoplasmia,
ou médiuns ectoplastas, os que produzem ectoplasma. Há nos meios, pelos quais se
obtém os fenômenos físicos, características bem peculiares.
Ectoplasmia e Materialização não denotam a mesma coisa.
Ectoplasmia, ou processo ectoplasmático, entende-se por produto temporário de
formações estruturais, mais ou menos metódico. Por se unir ao estudo do
desprendimento ectoplasmático, esse termo também é empregado para designar
“ciência do ectoplasma”, por causa da faculdade que alguns raríssimos médiuns
possuem para fazer aparecerem formas materializadas perto ou longe deles.
Entende-se por ectoplasma uma substância plástica de
natureza híbrida, possuidora de alto poder de dissolução, sensível à
luminosidade do Sol ou da lâmpada elétrica, afora da lâmpada de irradiação
avermelhada feito a de laboratórios fotográficos. O ectoplasma se dispersa com
a luz viva ou retorna ao organismo do médium. Em plena obscuridade, o
ectoplasma pode se expor à vista em diversas e distintas fases, a
modificar-se-lhe as formas em modelagem de bastões, alavancas, espirais, fios,
cordas, teias etc. e alguns efeitos apreciáveis. Em contato com a luz, a sua
estrutura molecular amolece, interrompendo assim o seguimento ectoplasmático
que, não raro, assume caracteres anatômicos de vegetais, animais e até de seres
humanos, total ou parcialmente.
Ectoplasmia e Materialização
A ectoplasmia não se resume na produção ectoplasmática de
Espíritos materializados e seus correspondentes desmaterialização e
rematerialização. Já a materialização propriamente dita de pessoas
desencarnadas e até mesmo encarnadas (muitíssimo rara) tem as suas
particularidades.
A materialização é termo empregado para designar
corporificação não só de seres humanos assim como de objetos, de plantas, de
flores, de animais etc. Trata-se de um fenômeno complexo e observável sob
diferentes pontos de vista, a respeito do qual ainda não se pode inferir uma
categórica enunciação.
Exemplo da "ectoplasmia". Note o ectoplasma
começando a ser expelido (1); dedos da mão se formando (2); em primeiro plano,
mão ectoplasmática tomando forma, note a face de um ET (4).
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Gustave
Geley (1868/1924)
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Eis sucintamente o que acrescentou Geley acerca da
materialização: “Aí está a ectoplasmia, um fato simples considerado em si
mesmo, desprendido de algumas complicações que deverão ser estudadas mais
adiante, o fato nu dissecado, se assim podemos dizer, na sua estrutura
anátomo-fisiológica”.
Não forma
agêneres
Para certos autores hodiernos, ectoplasmia não se restringe
à formação de agêneres (figuras humanas). A diferença entre ectoplasma e
materialização acha-se mesmo no modo pelo qual se lhes verificam os fenômenos,
embora os fins se equivalham. A materialização origina-se no ato de um corpo
orgânico ou inorgânico tornar-se denso ou mais ou menos transparente visto por
todos que o observem. O termo ectoplasmia foi criado pelo médico e pesquisador
francês, Charles Richet, duas vezes vencedor do prêmio Nobel de
Fisiologia.
Materialização opaca de um agênere, através da minha mediunidade física, desenvolvida durante cerca de quinze anos
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Charles Richet
(1850/1935)
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Eu, por exemplo, prefiro denominar “reunião de efeitos
físicos”, em vez de “sessão de efeitos físicos” ou de “ectoplasmia”, ou de
“materialização”. O termo sessão remete-se aos exaustivos ensaios científicos
de antigamente os quais tinham em vista a prova dos fenômenos; sessão lembra as
lamentáveis demonstrações em casa de espetáculos onde falsos médiuns cobravam
ingresso do público para ver supostos Espíritos materializados. Acho melhor
reunião de efeitos físicos, e saiba mais: os fenômenos podem até
acontecer num mesmo instante, dependendo apenas do emprego das forças e
faculdades humanas, principalmente, da competência medianímica do grupo de
suporte ao médium físico, aquele que é o principal emissor do ectoplasma.
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*GELEY, Gustave. L’Ectoplasmie et la clairvoyance,
observations et expériences personnelles (A ectoplasmia e a
clarividência). S/ed. Paris: F. Alcan, 1924. página 19.
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