Davilson Silva-
Sempre
que o médium de cura se destina a exercer o seu ofício de modo desinteressado, Espíritos
benéficos, especialistas em química e operadores atuantes nesse campo,
incumbem-se do uso dos fluidos.
O notável médium
brasileiro,
de Minas Gerais, José Pedro
de Freitas, o Arigó, operando.
|
A faculdade de cura é por assim
dizer curioso fenômeno de efeitos físicos tal como a faculdade que gera formas
opacas, ectoplásmicas, como a materialização de Espíritos, de objetos e outros
fatos que dela decorrem. Mestre Allan Kardec afirmou que todo aquele que sente
num grau qualquer a influência dos Espíritos é médium, cada qual segundo a sua
tendência para diversos gêneros mediúnicos. A mediunidade de cura, no conceito
de mestre Kardec, consiste no dom que certas pessoas possuem de curar doenças.
Esse fenômeno, no meu entender, é
mais que um “simples toque”, ou “olhar”, ou “gesto”, de acordo com expressões
de Kardec. Ele o é, tanto que o próprio codificador do Espiritismo preferiu
referir-se-lhe de modo sucinto e genérico, pois, consoante deduziu, o assunto exigiria
desenvolvimento excessivo para os limites de que dispunha naquele ensejo.¹
Médiuns de cura são ectoplastas por emitirem como os médiuns físicos o mesmo
fluido observável sob diferentes aspectos a respeito do qual aqui trataremos.
Há outros atributos que torna
distinta, referente à sua sensibilidade, essa disposição. Pela instintiva
tendência para curar enfermidades ou de, ao menos, fazer com que as doenças
sejam amenizadas, o médium curador pode debelar moléstias, restituir tecidos e
órgãos lesados do corpo físico de quem a ele recorra, estimulado pela piedade
nele despertada, o sofrimento, a doença do próximo, incluindo-se doenças de
influenciação espiritual, consciente ou inconscientemente.
Outro renomado médium brasileiro, João Teixeira
de Faria,
o João de Deus, ou João de Abadiânia, Goiás
|
Esses fluidos são por ele
irradiados sobre o enfermo, revigorando-lhe órgãos, normalizando-lhe as
funções, destruindo até placas e tumores de caráter fluídico, produzidos
pelo processo da auto-obsessão ou pela influenciação exterior. Por
considerarmos certos médiuns de cura médiuns de efeitos físicos, afora o
magnetismo que possui, ele é sensível fonte geradora de ectoplasma, cujo seu
desempenho o faz naturalmente captar fluidos mais leves, mais sutilizados.
Por intermédio dele se verificam
verdadeiros milagres, bem entendido, milagres, algo admirável,³ os
quais se processam através da concentração, da oração impulsionada pelo sublime
desejo de sinceramente praticar aquele amoroso pedido de Jesus Cristo:
“Restituí a saúde aos doentes”.4 E como a Lei de Caridade
e Amor preside a todos os atos das esferas superiores, os bondosos e esclarecidos
Espíritos, que se ligam a ele por simpatia, vêm em seu auxílio por causa do
sentimento em benefício do próximo.
Dar de graça o que de graça recebeu
Médium filipino Antonio Agpoa |
No que o médium se concentra pelo
meio já referido, ele se ergue à maior altura. À medida que se exalça, capta
além de tudo, os fluidos leves e benignos provindos das fontes da Natureza:
irradia-os sobre a pessoa necessitada; interpenetra-lhe o corpo físico;
bombardeia os átomos, além de atingir o campo celular. Ao fazer penetrar
intensamente o fluido, as células revitalizam as funções do corpo físico,
elevam a vibração íntima do paciente e restituem-lhe o equilíbrio mental.
Quando assim sucede, é porque
houve uma combinação do fluido espiritual com o humano.5 Há casos em que se pode empregar
a força magnética, particularidade intrínseca mais ou menos ativa em cada um de
nós. Neste caso, é prática espontânea os Espíritos perfazerem as qualidades que
faltem no fluido humano, consoante explicou Kardec.
Como já percebemos, “ninguém faz
absolutamente nada sem nada” (disse o Espírito Emmanuel). E
recapitulando, o médium curador não se completa sem a atuação dos que o
assistem, ou seja, os verdadeiros autores dos fenômenos: os Espíritos.
Inicialmente, dissemos que o médium de cura é sensível fonte geradora de
ectoplasma, esse curioso fluido de efeitos diversos e de aspectos particulares;
todavia, sem o imprescindível vínculo com Entidades atuantes, do domínio da
cura, sobretudo, sem a “ideia iluminada pela fé e pela boa vontade”.6 nenhum
médium logrará êxito através desse recurso concedido por Deus.
Fluidos diferem
Mas, em se tratando de doação
pelo meio e propósito do que até aqui interpretamos, preciso se torna levar em
conta outra particularidade. Apesar de o fluido emitido pelos médiuns de
efeitos físicos serem idêntico ao emitido pelos médiuns de cura, ambos os
ectoplasmas ainda assim diferem. Há uma dissimilitude entre os dois
processos de desprendimento ectoplasmático que convém saber a seguir.
Por exemplo: a técnica de emprego
do ectoplasma para se obter manifestações físicas, tais como: transporte,
tiptologia, voz e escrita direta, materialização de Espíritos, etc., difere da
empregada para fins de cura. Por se constituir de fluidos próprios para a
prática de efeitos tangíveis ele é denso, ao passo que os aplicados para
finalidade de cura são constituídos de uma sutileza admirável, cujo primor é
vibratoriamente favorável. Há um outro aspecto do fenômeno de cura que não
podemos deixar de registrar, as operações cirúrgicas, assunto de que
trataremos na próxima vez.
Em conclusão, a terapia mediúnica
acontece pelo emprego da energia fluídica, engendrada por Espíritos incumbidos
desse procedimento. Ainda que as curas se realizem pela força magnética, mesmo
assim, podem ser acrescidas de fluidos manipulados por técnicos e operadores do
âmbito espiritual, Entidades felizes e bondosas que, em nome de Cristo, sempre
atentas e dispostas, ajudam a quem sinceramente deseja ajudar o próximo; por
isso, ser médium de cura é possuir um nobre e grandioso compromisso.
A mediunidade de cura é um meio
de resgate de débitos morais de existências passadas, resume-se numa tarefa de
incansável esforço pela conquista do maior grau possível de virtudes. E para
quem busca a cura espiritual, aqui temos precioso lembrete dos bons Espíritos:
jamais a obteremos sem o necessário reajustamento íntimo. E que reajustamento é
esse, senão o de nos tornarmos melhores, dia a dia, conforme os preceitos de
Jesus que propõem uma conduta saudável e exemplar como a que Ele teve?
__________________________________________________
1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.
Tradução Herculano Pires. 21. ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec
Editora, 2001. Capítulo 14, item 175, página 149.
2._____. O Livro dos Espíritos. Trad. H. Pires. 62. Ed. São Paulo: Lake, 2001. Questão 27 e 27-a, p. 61.
3._____. A gênese. Trad. H. Pires. 20. ed. São
Paulo: Lake, 2001. Cap. 13, item 19, p. 230.
4._____. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. H.
Pires. 62. ed. São Paulo: Lake, 2001. Cap. 26, it. 1 e 2, p. 295.
5._____. A gênese. Trad. H. Pires. 20. ed. São
Paulo: Lake, 2001. Cap. 14, it. 33, p. 251.
6XAVIER, Francisco C. Nos domínios
da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira (FEB), 1994. Capítulo 17, p. 165.
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