Uma vez pensando, o processo
mental converge para uma ideia e a dirige de modo intenso, passando de imediato
a gerar partículas de corpos ou de condutos impelidos pela própria energia,
fenômeno que se verifica em diminuta escala atômica.
O pensamento é curioso meio de expressão tão vigorosamente
atuante que as suas enunciações não levam em conta vocábulos, a se
propagarem numa incrível e imensurável velocidade. Há na primeira obra da
Codificação Kardequiana, O Livro dos
Espíritos (LE), uma pergunta, a 456 do capítulo 9.º: “Os Espíritos
veem tudo o que fazemos?”
“Na teoria é uma coisa, na prática é outra”, costuma dizer o
povo. O argumento da resposta da questão acima patenteada, do campo da teoria
passou para o da prática. Através da nossa faculdade de audiência, uma vez,
ofereci mentalmente a certo Mentor Espiritual uma linda e perfumada rosa por
desabrochar. Correspondendo de imediato ao meu gesto, ouvi dele: “Gostei
do botão de rosa. Muito bonito!”
Uma das mais fascinantes experiências desse gênero de
comunicação foi por mim vivida em recente evento de efeitos físicos, exclusivo
para tratamento de saúde à distância, em uma instituição espírita. Quando as
condições fluídicas são favoráveis, sobra ectoplasma, e as nobres Entidades que
respondem pela sublime tarefa socorrista sempre arrumam um jeito de provocar fenômenos
que surpreendem e estimulam-nos a perseverança no Bem.
Nessa oportunidade, alguns Espíritos, tais como: José
Grosso, Scheilla, Palminha* e outros Mentores encontravam-se
materializados. Todo o recinto da reunião impregnara-se de suave fragrância de
flores frescas, a se confundir com o aroma de éter, ambos transpostos do Plano
Espiritual. Permanecíamos em repouso, sentados em uma das espreguiçadeiras da
cabine mediúnica, eu e mais quatro pessoas, enquanto no restante do ambiente,
20 médiuns apoiavam-nos com preces inseridas de cânticos e hinos espíritas.
Botão de rosa do
Palminha
Irmão Palminha, a pastel a óleo,
pelo médium Davilson Silva.
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Em vista do até aqui exposto, ao se operar algo mentalmente,
formar ou combinar no espírito uma representação mental abstrata ou concreta,
estamos pensando. Pensamentos: ideias motivadas pela faculdade de conhecer,
perceber, apreciar as quais se concentram em escolhas, decisões, abstrações.
Uma vez pensando, o processo mental converge para uma ideia e a dirige de modo
sobremaneira intenso, passando de imediato a gerar partículas de corpos ou de
condutos impelidos pela própria energia, fenômeno que se verifica em diminuta
escala atômica.
O pensamento pode produzir representações mentais que se
convertem em nobreza de ânimo ou em decadência de costumes. Nesse passo, pensar
significa falar sem uma única pronúncia. Os Espíritos nos ouvem, leem os nossos
pensamentos, veem tudo ou quase tudo porque, no lugar onde se encontram, tal
aptidão lhes é possibilitada.
A influência espiritual é bem maior que supomos e, muito
frequentemente, eles têm o poder de nos encaminhar, orientar, conduzir. Segundo
os Espíritos disseram a mestre Kardec, nunca estamos livres da influência
deles: sondam-nos o íntimo conforme o interesse de cada um, perscruta-nos até
os mais esconsos dos nossos segredos. Por conseguinte, é inútil ocultar
intenções, reflexões, raciocínios.
Levando-se também em conta o fator
sentimento, pensamento e sentimento são palavras sinônimas,
talvez, por causa do vínculo visceral entre essas duas capacitações naturais.
Pensamento ! Força viva atuante e criadora ! O ato de sentir, outro atributo da
Alma, ao perceber por meio da inteligência, ativa o dispositivo do modo de
pensar. Por meio desse mecanismo sem igual, obtém-se o desejo de se atingir
algum propósito. Em outras palavras, sentimento: movimentada e contínua
afluência da mente, exercida por motivos ditados pela razão, oriundo do âmago
da Alma, por natureza, intrínseca e entranhadamente ligada a ela.
Força criadora
Quão admirável e extraordinariamente se resume o fluxo energético do âmbito espiritual, impetuoso impulso em exercício de sua força! Impelido por todo esse processo, o fato de pensar consiste em uma força criadora capaz de exceder a velocidade da luz, significando força viva e atuante, conforme parecer do Espírito André Luiz. Ao criarmos, nada se perde, e em tudo há um motivo, visto que Deus, força criadora e a suprema inteligência, não gera coisas desnecessárias; a Obra Divina está em toda parte!
Criar é dar existência a formas, a objetos de nossa
concepção mental, e a realidade do fato de se conceber é até gerada por
infracorpúsculos. O produto de nossa criação será sempre o reflexo de nossos
sentimentos, do nosso caráter — em verdade, seremos os responsáveis pelas
imagens e conceitos que criarmos.
Por isso, o Espírito Emmanuel afirmou que o poder da mente
reside no mundo íntimo de cada um de nós, “exigindo cuidados especiais
para o esforço de continuidade ou extinção”. Todo o cuidado com nossas
concepções é pouco! Sendo residência da Alma a fonte de nossos pensamentos,
esta é qual dínamo gerador criativo para o bem ou para o mal. Não foi à toa
este conselho: oração e vigilância.
Quem der origem a mórbidas intenções, a procedimentos menos
felizes arcará com os prejuízos do que se tornou responsável livre e
conscientemente. Portanto, nada de culpar ninguém, a sorte, os astros ou a
suposta entidade infernal, criada e tão supervalorizada por vigários ornados ou
não de pomposas alfaias. O pensamento, pois, é fundamental atributo da Alma: se
o pensamento está em alguma parte, ali ela está.
Alma, ou Espírito encarnado, é o ser pensante, “o
princípio inteligente”, o que de há muito tem desafiado filósofos, psicólogos e
cientistas. A ciência apenas se baseou nos mecanismos que levam os diversos
sinais e mensagens transmitidas pelo cérebro nos conectivos entre ele e o resto
da estrutura orgânica. Entretanto, onde se localizaria o pensamento no bojo de
tão complexa capacitância e tamanhos efeitos químicos, senão no vínculo do
perispírito com o corpo físico? Sim, a medicina respondeu sobre alguns pontos
referentes a pensamento e cérebro; mas, acerca das áreas relativas à envoltura
da sensibilidade, emoção e pensamento, emudeceu; não sabe explicar como as
células as produzem.
Falta a ciência dar por certo os mecanismos que
permitem compreender o verdadeiro papel das atividades cerebrais relativas ao
pensamento. Quanto ao gesto do nosso querido Amigo Espiritual, o Palminha, ele
procedeu como os seres incorpóreos procedem, segundo explicação
do mencionado capítulo do LE Como vimos, o que não falta é motivo que nos
impele a adotar uma conduta verdadeiramente fraterna, honesta: no pensar, sentir,
falar e agir. Não nos esqueçamos disto: o espírita, sobretudo, o médium
espírita é o que “muito recebeu”; “maiores contas lhe serão
tomadas”, afirmou certa feita Jesus.
*Se o prezado leitor(a) desejar saber a
respeito de José Grosso, Scheilla e Palminha, sugiro estas obras: Materializações
Luminosas, R. A. Ranieri, da Lake — Livraria Allan Kardec Editora Ltda. ou
das Edições Feesp; Materializações Luminosas — Leis
Cósmicas em Ação, Dante Labbate, Editora Espírita Fonte Viva; Dossiê
Peixotinho, Lamartine Palhano Jr., Lachâtre Editora Ltda.
__________________________________________________
● KARDEC, Allan. O Livro dos
Espíritos. 62. Ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec
Editora, 2001.
● XAVIER,
Francisco C. Emmanuel. 9. ed . Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira (FEB), 1981.
● ___. Mecanismos da Mediunidade (pelo
Espírito André Luiz). 5. ed . Rio: FEB, 1958.
● ___. Ação e Reação (pelo
Espírito André Luiz). 12. ed . Rio: FEB, 1987.
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