Quem dera você fosse o Chico...

Davilson Silva-

Chico Xavier atendia todos 

com o mesmo carinho fraternal.

Aloísio, empregado de uma livraria, alimentava o sonho de conhecer o médium Francisco Cândido Xavier em pessoa. Era um desejo veemente dele, sobretudo, porque tinha acabado de ler algumas das centenas de obras psicografadas por Chico. Todos os livros ditados por Emmanuel, André Luiz, Néio Lúcio e Irmão X foram lidos por ele com muito interesse. A fregueses da livraria, era insistentemente feito por ele este pedido: “Faça-me o grande favor de me apresentar o Chico assim que ele aqui apareça”.

Quando menos se esperava, numa tarde em que Aloísio atendia alguém, repetindo o referido pedido, entra no recinto o já famoso médium (nesse tempo, Chico tinha residência na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais). Contentamento geral pela surpreendente e agradável visita: saudações entusiásticas e fraternas, abraços e mais abraços carinhosos, perguntas e mais perguntas dos confrades e admiradores sobre as últimas produções psicografadas. No entanto, diante da merecida e calorosa recepção, o rapaz conservava-se impassível, parecendo nem estar ali.

Ato contínuo, uma daquelas pessoas que sabiam o quanto Aloísio desejava ver o médium de perto notou-lhe o desinteresse.

— Não era você que tanto desejava conhecer o Chico?, perguntou.

— Sim! Não é de hoje que ando atrás desse momento de felicidade... Respondeu o moço.

— Pois aqui o tem, disse a pessoa mostrando com um gesto o insigne amigo de Jesus.

Em seguida, o balconista da livraria aproximou-se de Chico, examinou-o atentamente com o olhar. Decepcionado, viu apenas diante de si um homem simples sem nenhum gesto de afetação, sem a menor arrogância, trajando um terno gasto pelo uso, porém, asseado e bem passado a ferro. Recebendo e retribuindo um cordial abraço, com ares de descrença, disse:

— Quem dera você fosse mesmo o Chico! Quem dera!...

E o cândido Chico captando-lhe profundamente o sentimento, disse em tom discreto e solidário:

— É mesmo! Quem dera!...

E assim, Chico, ao despedir-se de todos e do seu ardoroso e desapontado fã, retirou-se dali com aquela sua simplicidade peculiar de sempre, deixando uma lição. Por sinal, uma grande lição, visto que depois de todos a compreenderem, ela foi especialmente assimilada por Aloísio no que lhe “caíra a fixa”. 

* * * * *

Palavras de Chico Xavier 

“Não podemos ainda ter outra definição de Deus mais alta do que aquela de Jesus Cristo quando o chamou de Pai nosso.” (do livro Chico Xavier, mediunidade e coração, de Carlos A. Baccelli.)

“Um livro de paz e fraternidade, compreensão e fé, segundo o nosso Caro Emmanuel, é sempre uma coleção de sementes de renovação e esperança que se entrega ao solo mental do mundo...” (do mesmo livro, mesmo autor.)

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