Trajes do Espírito

Davilson Silva-

O homem é constituído de três partes elementares: alma, ou espírito, corpo material e perispírito.


Perguntou mestre Allan Kardec aos Espíritos Superiores:

93. O Espírito propriamente dito vive a descoberto ou, como pretendem alguns, envolvido por alguma substância?, perguntou mestre Allan Kardec aos Espíritos Superiores.

— O Espírito é envolvido por uma substância que é vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós; suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser, foi a resposta dos sublimes Instrutores.

Daí, mestre Kardec tirar por conclusão: “Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido de um envoltório que, por comparação, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser”. (O Livro dos Espíritos, referente `resposta da citada questão 93.)

Espírito, perispírito e corpo material

Exemplo de um Espírito 
visível em razão do seu 
perispírito adensado
Foto antigaconsiderada 
autêntica por especialistas.
Perispírito, do grego, peri e do latim spiritus, quer dizer: invólucro fluídico, ou vaporoso, quintessenciado, semimaterial, curiosa roupagem sutil do Espírito, maleável, suscetível de se expandir. Participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e da matéria inerte. A Consciência o extrai do fluido cósmico universal de cada globo onde ela se submete às diversas experiências reencarnatórias junto a criaturas da mesma natureza.

Em O Livro dos Médiuns, capítulo 1.º, item 54, mestre Kardec disse ser o homem constituído de três partes elementares: alma, ou espírito, corpo material e perispírito. Na condição de Espíritos revestidos ou não de um corpo físico, somos o Princípio Inteligente por causa do senso moral em nós arraigado. A substância física, estrutura adequada às necessidade das manifestações da raça humana, é a vestimenta do Espírito, grosseira, frágil, servindo-nos temporariamente de meio para que se cumpram os desígnios providenciais. Já o perispírito, invólucro fluídico, como já o dissemos, é matéria em parte, todavia, menos grosseiro que o corpo físico, servindo de ligação entre o espírito e a substância física opaca.

Sutileza aeriforme



O perispírito, de natureza etérea, diáfana, é dotado de uma sutilidade, por assim dizer, aeriforme. No caso da morte, ou cessamento de funções orgânicas por diversas causas, por algum acidente, algum sinistro, o Espírito abandona o envoltório mais denso, sujeito à cadaverização, juntamente com o referido envoltório menos denso. Com o seu corpo-matriz, o Espírito se desprende e segue adiante eternidade afora até depurá-lo.

Assim, se eventualmente você sonhou ou se efetivamente deparou com alguém querido, com um amigo ou um colega que já não pertençam mais a este mundo, ou com alguma pessoa estranha, viu em verdade um Espírito. Ainda que entrevisto, esse alguém pôde ser vislumbrado em consequência do seu corpo perispirítico, aparentando o que era antes do desencarne, ou morte. Jesus, por exemplo, ao se mostrar a amigos, a seguidores, depois do lamentável episódio do Gólgota, reconheceram-No por causa da quintessenciada vestimenta; Elias e Moisés foram identificados, durante o que ocorreu no Monte Tabor, por causa da referida configuração (Lucas 9:29 e 30).

Não é o próprio homem

Finalizando, que fique aqui bem claro: o perispírito, sozinho, não é o próprio Homem; perispírito não pensa assim como o corpo físico, tampouco o cérebro. Em outras palavras, perispírito é para o Espírito o que o corpo é para o perispírito. O corpo denso é como se fosse uma cópia xerocada do perispírito, por isso denominei-o corpo-matriz, e, diga-se a propósito, o Apóstolo Paulo intitulou perispírito de “corpo celestial” (I Coríntios 14:40). Veja, o que é o homem senão o próprio corpo físico? Ao afirmar: “aos homens está ordenado a morrer uma só vez” (Epístola aos Hebreus 9: 27), o admirável Apóstolo dos Gentios não se referiu ao que muita gente pensa... É claro que o homem só vive uma vez, mas não o Espírito que lhe deu fisionomia, um tipo constitucional. O Espírito é tão verdadeiro, tão eterno quanto Aquele que, em essência, o criou desde toda a eternidade.

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