Do pacto Ciência-Religião

Davilson Silva-

No século 13, Idade Média, a Igreja não tinha interesse nenhum em favorecer a educação, a pesquisa científica, e tudo se explicava, redundava no sobrenatural, no Diabo, no Demônio...

Ciência e religião aqui são retratadas em harmonia por Louis Comfort Tiffany 
no vitral Educação (1890) do Centro de Educação Tiffany, Oxford, Reino Unido.
Chegou o tempo em que o ensino moral de Jesus de Nazaré tem de se completar, segundo exclamou mestre Allan Kardec. Disse ele que o véu intencional sobre algumas partes do pensamento de Jesus será levantado. Tanto isso é possível que alguns cientistas contemporâneos já admitem o fato espiritual. Até dizem que a Física tornou-se mais mística que a própria Religião, e esta, por sua vez (mais propriamente a católica romana), parece esforça-se por não ignorar certas regras naturais, inamovíveis. De uma coisa tenhamos certeza: dia chegará em que a religião não mais poderá desmentir os fatos científicos e vice-versa, porquanto ambos os lados terão que abraçar a lógica.

Papa pede desculpa, mas não apaga história

Galileu Galilei 
Como sabemos, João Pulo II retratara-se publicamente ao assumir os graves equívocos históricos do Catolicismo Romano. Todavia, essas escusas formais não apagam os registros históricos, os constrangimentos, as torturas e as mortes dos que ousaram a se opor aos conceitos dos teólogos; estão nos anais da história da civilização, nas bibliotecas, nos colégios, nas universidades, na Internet.

Vejamos, en passant, alguns tópicos desse conflito ciência-religião. Hoje em dia, é muito difícil boicotes, queima de informações históricas. É impossível ignorar os tempos como os dos Soldados de Cristo, nobres da Europa que foram convocados pelo papa Urbano II, em 27 de novembro de 1095, a fim de imporem suas convicções pela espada. O primeiro mandamento dos que foram chamados a esse despautério, após o Concílio de Clemont, século 12, era: “Acreditarás em tudo o que a Igreja ensina e observarás todos os seus mandamentos”. Note o sexto mandamento: “Farás guerras aos infiéis até exterminá-los”... 

No século 13, Idade Média, a Igreja não tinha o menor interesse em dilatar a educação, arrefeceu-se toda pesquisa científica, reacenderam as crendices, e toda explicação redundava no sobrenaturalno Diabo, no Demônio... Receosa de contradizerem suas concepções dogmáticas, a religião embotara a ciência. O que não sofreram certos renascentistas ilustres, homens como Nicolas de Cusa, Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico, Ptolomeu, Galileu Galilei, e outros heróis das conquistas do conhecimento humano?

Um basta no obscurantismo

Estátua de Roger Bacon,  
Museu Histórico de
Ciências Naturais de
 Oxford, RU
Na Renascença, operou-se verdadeira reviravolta intelectual, um basta no obscurantismo, graças ao legado de estudos, às iniciativas e às previsões de Roger Bacon, religioso inglês, notável astrônomo e matemático da Idade Média. A ele se atribuiu a invenção do microscópio. Mesmo assim, a Igreja não deixou de proibir o exame e a livre opinião, em detrimento desse fato importante, culminando em muitos anos de atraso. A Medicina, por exemplo, entregou-se à magia, causando sérios prejuízos à saúde pública. 

Ciência e religião podem chegar a um acordo, sim, e superarem juntas as suas limitações atinentes à parte material e à espiritual. Dessa concordância resultará com certeza o triunfo humano dos óbices naturais da existência. A base desse acordo tem de se estribar no raciocínio e humildade, assim, uma não poderá mais prosseguir impugnando a outra.


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