Davilson Silva-
No século 13, Idade Média, a
Igreja não tinha interesse nenhum em favorecer a educação, a
pesquisa científica, e tudo se explicava, redundava no sobrenatural, no
Diabo, no Demônio...
Ciência e religião aqui são retratadas em harmonia por
Louis Comfort Tiffany
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Chegou o tempo em que o ensino moral de Jesus de Nazaré tem de
se completar, segundo exclamou mestre Allan Kardec. Disse ele que o véu intencional
sobre algumas partes do pensamento de Jesus será levantado. Tanto isso é
possível que alguns cientistas contemporâneos já admitem o fato espiritual. Até
dizem que a Física tornou-se mais mística que a própria Religião, e esta, por
sua vez (mais propriamente a católica romana), parece esforça-se por não
ignorar certas regras naturais, inamovíveis. De uma coisa tenhamos certeza: dia
chegará em que a religião não mais poderá desmentir os fatos científicos e
vice-versa, porquanto ambos os lados terão que abraçar a lógica.
Papa pede desculpa,
mas não apaga história
Como sabemos, João Pulo II retratara-se publicamente ao
assumir os graves equívocos históricos do Catolicismo Romano. Todavia,
essas escusas formais não apagam os registros históricos, os constrangimentos,
as torturas e as mortes dos que ousaram a se opor aos conceitos dos teólogos;
estão nos anais da história da civilização, nas bibliotecas, nos colégios, nas
universidades, na Internet.
Vejamos, en passant, alguns tópicos desse
conflito ciência-religião. Hoje em dia, é muito difícil boicotes, queima
de informações históricas. É impossível ignorar os tempos como os dos Soldados
de Cristo, nobres da Europa que foram convocados pelo papa Urbano II, em 27 de
novembro de 1095, a fim de imporem suas convicções pela espada. O
primeiro mandamento dos que foram chamados a esse despautério, após o Concílio
de Clemont, século 12, era: “Acreditarás em tudo o que a Igreja ensina e
observarás todos os seus mandamentos”. Note o sexto mandamento: “Farás guerras
aos infiéis até exterminá-los”...
No século 13, Idade Média, a Igreja não tinha o menor
interesse em dilatar a educação, arrefeceu-se toda pesquisa científica,
reacenderam as crendices, e toda explicação redundava no sobrenatural, no
Diabo, no Demônio... Receosa de contradizerem suas concepções dogmáticas, a
religião embotara a ciência. O que não sofreram certos renascentistas ilustres,
homens como Nicolas de Cusa, Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico, Ptolomeu,
Galileu Galilei, e outros heróis das conquistas do conhecimento humano?
Um basta no obscurantismo
Estátua
Museu Histórico
Ciências Naturais
Oxford, RU
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Na Renascença, operou-se verdadeira reviravolta intelectual,
um basta no obscurantismo, graças ao legado de estudos, às iniciativas e às
previsões de Roger Bacon, religioso inglês, notável astrônomo e matemático da
Idade Média. A ele se atribuiu a invenção do microscópio. Mesmo assim, a Igreja
não deixou de proibir o exame e a livre opinião, em detrimento desse fato
importante, culminando em muitos anos de atraso. A Medicina, por exemplo,
entregou-se à magia, causando sérios prejuízos à saúde pública.
Ciência e religião podem chegar a um acordo, sim, e
superarem juntas as suas limitações atinentes à parte material e à espiritual.
Dessa concordância resultará com certeza o triunfo humano dos óbices naturais
da existência. A base desse acordo tem de se estribar no raciocínio e
humildade, assim, uma não poderá mais prosseguir impugnando a outra.
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