A primeira música natalina foi cantada há mil oitocentos e oitenta e três anos, e o Papai Noel, a árvore de
Natal procederiam da Alemanha.
O "bom velhinho" de todos os
natais
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O que seria de nós se não existissem tais motivações?! Nem
todas as criaturas terrenas tomam parte de tão viva satisfação nem
pautam o compromisso religioso que, sobretudo, essa data faz penetrar no
ânimo. Natal! O nascimento de Jesus de Nazaré, o ”salvador da
humanidade”. Para uns,
constitui-se mero período de fim de ano ou um fato histórico, ou místico;
para outros, instante de extraordinário significado além do júbilo da petizada,
dos alegres cânticos e das esferas multicoloridas e luzes feéricas, da figura
lendária de um velhinho de barba branca, trajado de vermelho, o Papai Noel.
No que diz respeito à parte histórica e cultural, a solenidade
do nascimento de Jesus remonta ao século 4.o, instituída pelo Papa Júlio I (337/352). Dois séculos
após, os sacerdotes começaram a celebrar missas com o propósito de dar uma
sublime consistência ao evento consoante culto católico romano. Três tipos de
missa eram realizados: a da meia-noite, a da aurora e a do dia.
O Natal, mais tarde, estabeleceu-se e acabou sendo o
primeiro e maior dos acontecimentos de todas as épocas. Na Idade Média, que compreende
o inicio do século 5.o e meados do século 15, o povo
jamais deixou de festejá-lo. Através dos anos, conservaram-se os três episódios
do Natal: a parte religiosa, concernente à missa do galo; a árvore de Natal; e
a ceia da consoada, ou ceia de Natal, ou festa da família.
Primeiro cântico, Papai Noel, o pinheiro
A primeira música natalina de
que se tem registro foi cantada no ano 129, portanto, há mil
oitocentos e trinta e três anos. Um bispo romano teria dito que a música Hino dos
Anjos deveria ser cantada durante o Natal. O Papai Noel, a
árvore de Natal (o pinheiro ornado) procederiam da Alemanha. Para os italianos,
o bom velhinho chama-se Santa Befana; já os dinamarqueses o consideram um anão
e de São Nicolau chamam-no os anglo-saxões.
Não podemos deixar de lembrar dos lindos cartões de boas-festas, cujo fato do recíproco desejo de felicidades essa prática suscita. Em tempos longínquos, os primeiros votos de felicitações do Natal, os romanos os inventaram; os cartões, em forma de tabletes de argila, diziam: “Felicidades para o Ano Novo”.
Os cartões de Natal, depois, foram feitos de cobre com motivos
em cores e de madeira gravada durante os séculos 15 e 16 na Alemanha. No século
18, tinham a forma de pergaminho , feitos de ceda . A sua atual concepção data de
1834 quando surgiu pela primeira vez em Londres. Portanto,
produzido manualmente ou impresso, o cartão de boas-festas sempre almejou paz e
boa vontade entre os seres humanos.
Porém não só em tempos depois de Cristo se desejou “paz” em
nosso planeta. Esse desejo, principalmente, teve início no dia em que um
Emissário Celestial proferiu a sentença: “Eis que vos trago uma boa nova de
grande alegria: na cidade de Davi acaba de vos nascer, hoje, o Salvador que é
Cristo, o Senhor”. “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra aos homens de boa
vontade!” (Lucas 2:10,11,14.)
Sobre a notável ocorrência, o insigne Vinícius escreveu
apropriadamente: “Naquele vos nascer, está a importância e transcendência
do Natal. Nasceu para mim . Não trata de um fato histórico de caráter genérico,
mas de um sucedimento que, particularmente, diz-me respeito, atinge-me e afeta”.¹
Três séculos de
polêmica
Adoração dos Pastores, de Andrea Mantegn (1431/1572)
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Muitos acreditam que Jesus nasceu em Belém, berço de Davi (Lc.
2:4), mas há os que discordam desse parecer. Conforme eles, a referida passagem
de Lucas visou apenas associar ao caso da “estrela”, a que servira de guia aos
três reis magos (Mateus 2: 10), símbolo do antigo soberano de Israel, para dar
maior credibilidade ao presságio e legitimar o messias prometido. Houve quem
dissesse que Jesus nasceu entre 8 e 6 a.C., apesar do cálculo feito pelo
monge Dionísio, o Pequeno (500/545), durante a debatida polêmica da data do
nascimento de Jesus cuja duração foi de três séculos.
Para os espíritas, se Jesus nasceu em dezembro, se em Belém ou se em
outra cidade, pouco importa. O mais importante é que Ele disse ao que veio e,
mais que nunca, o seu pensamento profundo, eminentemente espiritual,
consolidou-se em um corpo de doutrina consoladora, esclarecedora, a que Allan
Kardec denominou Espiritismo. De mais a mais, fazendo das nossas as
palavras de Pedro de Camargo (1878/1966), que se assinava Vinícius em suas
belíssimas obras, “o estábulo e a manjedoura da cidade de Davi não devem
prestar-se exclusivamente a divagações poéticas e literárias”.
.
Por isso, antes da compra de regalos, antes da cerimônia
religiosa, antes de erguer a taça brilhante e de tomar em comum a lauta
refeição da ceia de Natal, antes de abraçar parentes, amigos, colegas e
conhecidos, meditemos. Reflitamos no que nos propõe o homenageado do mês... Não
O apresentaram há mais de dois mil anos tão-somente para lembrá-lo, adorá-lo em
uma data de fim de ano. Por sinal, Jesus não veio ao mundo para ser apenas
adorado, lisonjeado com ditos e modos servis mediante a pompa e circunstância,
tampouco Ele desejou conferir sacramento a supostos representantes em trajes
recamados de ouro e pedras preciosas ou sem eles.
“Cristo veio nos salvar”, não se cansam de repetir os que se
aventuram ao ilícito comércio da adulação astuciosa. Todavia, Cristo não salva
ninguém à custa de aclamações bajulatórias e de cânticos de louvores como se
fosse o único meio de perfeita comunhão com ele. Reconhecer publicamente que
Jesus é o Salvador da Humanidade, falar bem dele, escrever linhas encomiásticas
ou fazer demorados discursos laudatórios acerca de Suas virtudes é muitíssimo
fácil; difícil é justificar pelo exemplo o que se reconhece, se escreve ou se
fala a Seu respeito. Jesus salva, é certo. Ainda aqui, salvação não significa
dispensa de responsabilidade, de aperfeiçoamento moral, imprescindíveis, segundo o Espírito Emmanuel pela abençoada e sublime psicografia do
incomparável médium Francisco Cândido Xavier,² este, sim, verdadeiro
representante de Jesus quando de sua existência na Terra. Pensemos nisto: hoje,
agora e sempre.
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1 VINICIUS. Na seara do mestre . 4. ed . Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 1979. Página. 24.
2 XAVIER, Francisco C. Palavras de vida eterna.
13. ed . Rio: FEB, 1989. Capítulo 153, p. 322.
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