O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, foi o título de curioso
programa conduzido pelo jornalista Carlos Nascimento, lançado em 11 de julho de
2012, no SBT (Sistema Brasileiro de
Televisão). Baseado no 100 Gretest Britons (Os 100 Maiores
Bretões), da BBC, a British
Broadcasting Corporation (“Corporação Britânica de Radiodifusão”), e
com ares de evento jornalístico, parecia mais um daqueles frenéticos programas
de auditório de domingo. Vá lá! Quiseram mesmo “eleger aquele que fez mais pela
nação, que se destacou pelo seu legado à sociedade”, e assim aconteceu.
Ao concluir a votação na noite de quarta-feira de 3 de
outubro, Nascimento anunciou aos telespectadores, internautas e público
presente ao auditório do SBT o nome do vencedor. Com torcida organizada e tudo,
defendido pelo jornalista Saulo Gomes, Francisco Cândido Xavier obteve 71,4%
dos votos do público através da Internet e via SMS (Short Message Service, ou “Serviço de Mensagens Curtas”).
A preferência por Chico Xavier só revelou o bom feitio, o
discernimento, a isonomia de crença dos brasileiros. Chico nunca se disse “dono
da verdade”, nunca se autointitulou ser um “missionário” no mundo a serviço divino ou do Espiritismo, sequer insinuou sê-lo, guardando consigo convicção na
própria fé, respeitando a dos outros.
Ele nunca teve interesse em aparecer na mídia a fim de pôr à
vista a sua incomparável capacidade mediúnica, afora os dotes anímicos, a
assistência espiritual e material dada aos pobres. Repórteres, artistas
famosos, apresentadores de programas televisivos, autoridades, etc. é que iam
procurá-lo na singela residência em Uberaba, Minas Gerais. Chico, dono de
notáveis característicos morais, nunca viram nele empenho na própria glória
pela caridade espírita posta em prática desde que entendeu que cristão de
verdade não é o que permanece somente em repouso improdutivo, contemplativo, a
espera de pretensa salvação e supostos milagres.
Chico compreendeu o verdadeiro sentido da fé
Segundo Luciano da Costa e Silva, um de seus amigos e biógrafos,
ele nos trouxe o Evangelho de Jesus à realidade; “trouxe-o, com a sua atitude
religiosa, à prática do bem”. Compreendeu que fé sem obras, ou caridade
(entenda-se caridade moral e material), é “fé morta”, consoante o que escreveu
o Apóstolo Tiago (2: 17).
Chico deu-nos exemplos de devotamento ao próximo. Ele
costumava receber a todos sem distinguir ninguém. Compartilhou da
angústia de milhares de mães aflitas que lhe recorriam à mão amiga a segurar o
lápis que, célere, produzia emoção em cada frase carinhosa e consoladora do
ente amado que partira para o “grande silêncio”.
Com todo o respeito e apreço pelos ilustres nomes que
concorreram ao referido título, o povo brasileiro elegeu clara e sensatamente
aquele que nunca fez da sua incomparável mediunidade meio de vida. Certa
feita, uma repórter de famosa emissora de TV lhe perguntou: “Por que o
senhor não cobra do público pelos serviços que presta?” “Ah, Minha filha!
Como eu poderia cobrar, se os próprios Espíritos de mim nada me cobram?”,
respondeu. Ele jamais usou o nome de Jesus para auferir lucro, tirar algum
tipo de vantagem. “O dinheiro de Jesus é o Amor”, segundo ele. Chico só
pensava nos órfãos, na velhice desamparada, nos desvalidos, nos enfermos de
toda a sorte.
Trabalhador exemplar, foi faxineiro, balconista, operário de uma fábrica e, depois,
a custa do próprio esforço, escriturário como simples servidor público. Lutava
pelo pão de cada dia, em ajuda à sua família e, nas horas vagas, auxiliava a
muitos sem apoio de organizações políticas, de autoridades governamentais ou
eclesiásticas.
Em suma, aqui existiu entre nós um exemplo de genuína
simplicidade, um daqueles raríssimos que se ignoram na maior parte das vezes.
Doou tudo do que poderia receber em direitos autorais de mais de 400 livros,
tendo mais de 20 milhões de exemplares vendidos. Em vez de decorar o recinto da
humilde residência com cortinas de veludo, com objetos de ouro e de prata, com
obras de arte raríssimas e móveis suntuosos, ele decorou foi o coração com
bondade e inteireza de caráter. Chico Xavier: a árvore do Evangelho; a
que só pode dar bons frutos (Lucas 6: 43); por isso, o povo o
reconheceu.
* * * * *
“Um livro de paz e fraternidade, compreensão e fé, segundo o nosso Caro
Emmanuel, é sempre uma coleção de sementes de renovação e esperança que se
entrega ao solo mental do mundo.” (Idem, ibidem.)
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