Comer o pão no suor do rosto

Davilson Silva-

(...) Visto que atendeste a voz de tua mulher, e comeste da árvore que eu te ordenara não comesse: em fadigas, obterás dela o sustento durante os dias de tua vida (...) No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes a terra (...) (Gênesis 3:17 e 19)

Adão e Eva, de Friedrich Müller,
pintura do século 18
Necessariamente, todos precisam suar o rosto para “comer o pão”? Deus teria mesmo dado existência a dois seres para que vivessem sem nenhuma utilidade? Por que o “primeiro homem”, segundo a Bíblia, Adão, viveria para todo o sempre como parasito da natureza, em absoluto deleite, sem produzir coisa alguma, junto da companheira, Eva, infecunda, tão inútil quanto ele? Segundo narrativa bíblica, Deus queria mesmo ser servido apenas por dois tolinhos ignorantes? Já a Doutrina Espírita fala de “progresso” e diz que seres humanos são Espíritos no mundo para evoluir se instruindo, trabalhando..

A Doutrina explica que Espíritos, ou Almas (porque se encontram temporariamente encarnados, isto é, revestidos de um corpo físico perecível) são consciências em regime de prática de vida; no mundo, eles têm que aprender a ser úteis, cada um conforme proporção de suas forças. Ora! O Criador deu inteligência à Criatura, logo, Ele quis mais é que o homem avaliasse, julgasse, ponderasse ideias; em suma, raciocinasse. Se o homem tivesse que seguir sempre inativo, lógica nenhuma teria a sua faculdade de pensamentos e atos, conforme o raciocínio nos leva a deduzir. 

Quanto à forma

Há no homem o Princípio Inteligente, o Ser eterno: o Espírito. O Espírito é quem comanda a parte sensório-motora, tudo o que se refere a funções orgânicas, a processos ou atividades vitais, intelectuais. Deus proporcionou uma compleição física ao Espírito humano, compatível com a natureza da Terra, para que ele pudesse trabalhar pela melhoria dele, de todos e do próprio planeta, consoante aperfeiçoamento do seu estado físico e mental. Pelo fato de o homem raciocinar, gozar de livre-arbítrio, ele teve de destruir obstáculos, no tocante a contato de povo a povo, tornando mais rápidos os meios de transporte fluvial, marítimo, rodoviário, aéreo, sobretudo, no que se refere ao conjunto de recursos técnicos de comunicação.

Foi pela força construtiva do exercício intelectual e material que os seres terrestres fizeram por onde aperfeiçoar meios que estimulam pesquisas, tecnologia. Trabalho, uma das leis da Natureza, através dele, o homem alcança o desenvolvimento próprio e coletivo, saindo-se bem diante dos obstáculos da existência. Por intermédio do trabalho, a criatura humana concretiza, chega a determinados fins, soluciona problemas de preservação da vida e das injunções do âmbito social onde atue.
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Ilustração: © 2011 Pensamento & Espiritualidade
Obrigado a se preservar, a se alimentar, a beber, a se defender das feras gigantescas e das variadas condições atmosféricas, o homem adquiriu, à força do trabalho, metas de aquisição de recursos. Pela imprescindível necessidade de resguardo da espécie, o ser humano, desde os tempos em que passou a viver em grupo, deixando para trás aquele estado nômade e predatório, fabrica, aprimora seus instrumentos.

Primeiras organizações

Na divisória histórica, elaborada por europeus, a origem da Humanidade e as primeiras formas de estrutura gregária compuseram-se no período mais longo do pretérito, seguido de três grandes instantes da marcha humana: o Neolítico e a Idade dos Metais. Falamos do Paleolítico Superior. Descobriu-se em espaços rochosos, desse interessante período, anzóis primitivos, machados de mão, agulhas de osso, objetos cortantes, entre outras peças, além das notáveis pinturas rupestres. Maiores conquistas sucederam-se, a criatura já não era mais aquela individualidade dos primeiros momentos. De braços e pernas mais bem aperfeiçoados, o homem desenvolvera melhores técnicas de domínio sobre a natureza.

Perpassados mais alguns períodos, a espécie humana, ao adquirir novas experiências, fez descobertas, foi avançando. Além da agricultura, da prática de domesticação de animais e de outros acrescentamentos, surgiu a necessidade da moradia fixa e, por consequência, a rotina sedentária. Convencionou-se a partilha de trabalho por sexo dentro do conjunto social, e assim, encarregada de gerar e cuidar de filhos, dos afazeres domésticos, da alimentação de todos, a mulher passou a ser trabalhadora do lar e, o seu companheiro, o homem, provedor, protetor da família.

Tudo o que Deus criou tem um fim útil, portanto, Ele jamais proibiria o suposto primeiro homem a comer do “fruto da árvore da ciência do bem e do mal” (Gên., 2:17); pelo contrário, só o encorajaria a comê-lo e não teria por que dizer aquelas palavras: “no suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes a terra”, como se isso fosse um castigo; aliás, muitos são os que comem o “pão” sem “suar o rosto”. E já que mencionáramos a esterilidade da suposta Eva, lembremo-nos de que Deus a teria condenado a “sofrimentos no parto”, pela desobediência de comer o tal “fruto” (Gên. 3:16); então, como explicar o fato de tantas mulheres darem à luz sem sentir dor? 

Não é possível que a suprema perfeição, inteligência e misericórdia, Deus, tenha amaldiçoado a “terra” e sentenciado o homem a “fadigas durante os dias de sua vida” (Gên. 3:17), embora muitos continuem aceitando e passando esse absurdo de geração em geração. Em nosso mundo, o ato de alguém se ocupar manual ou intelectualmente numa atividade, em um ofício, faz parte da natureza corpórea e, por consequência, do progresso. Trabalhar aperfeiçoa a inteligência, e a aplicação dessa inteligência é o que faz o homem sair das trevas do desconhecimento, portanto, da superstição, do fanatismo, do preconceito, enfim, da ignorância como um todo.

2 comments :

  1. Hola Davilson.Me gusta mucho el texto como lo expones, así esta escrito, en el Génesis, pero gracias que tenemos una conciencia, y así nuestra evolución
    saludos

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  2. Me alegro mucho por gustares de ese nuestro texto y, sobre todo, por he entendido la traducción del Google Translate, que siempre me deja preocupado, ya que esa traducción no es perfecta, y, además, distorsiona la delineación del blog.

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