Davilson Silva-
Daí em diante, Chico, de relógio no pulso, admirava-lhe a beleza, sobretudo, a pontualidade. De repente, a caminho do trabalho, ele pensou em alguém; lembrou-se de dona Glória e quis saber do seu estado de saúde. D. Glória, uma senhora enferma, procurara o desprendido médium um dia antes para tomar um passe, e o Espírito Dr. Bezerra de Menezes, através da sua admirável mediunidade, receitou-lhe alguns remédios homeopáticos.
Ao calcular que dava tempo de fazer uma rápida visita à enferma, Chico foi até a casa dela, e chegando lá, cumprimentando-a, perguntou logo:
— E então?! Está melhor, d. Glória? Tomou pontualmente os remédios?
— Um pouco melhor, Chico. Só não tenho tomado os remédios com pontualidade porque, como você sabe, sou pobre e ainda não pude comprar um relógio.
Bem, o amigo ou a amiga já deve ter pensado o que aconteceu... Pois é! Foi exatamente o que pensou.
— Por isto não seja, disse Chico; tirou imediatamente o belo presente do pulso e acrescentou:
— Como a senhora precisa de um relógio, este aqui deve ser seu. Aceite-o de lembrança!
Deixando d. Glória bastante surpresa e comovida, o médium, cuidadoso com os compromissos profissionais, apressou-se a fim de não chegar atrasado no emprego.
— Fique com Deus! Deus a proteja!, disse Chico, despedindo-se, também muito comovido com a alegria e a gratidão da sua assistida.
* * * * *
No livro Chico Xavier,
Mediunidade e Vida, escreveu Carlos Bacelli:
(...) Isso me faz
lembrar a definição de um amigo que já se encontra, há muito tempo, na Vida
Espiritual. Ele me dizia, de tempos em tempos:
“Chico, primeiro a
gente entra para a Doutrina Espírita. Tudo se passa entre
a esperança e alegrias, entendimentos e planos. Mas chega
um dia em que a Doutrina entra em nós e aí, então, a situação é diferente
porque já não somos donos de nós mesmos e sim trabalhadores dela com
encargos permanentes”.
A filosofia desse
amigo é curiosa e até engraçada, mas é de uma verdade inarredável. Entretanto,
no fundo de todas as opiniões que se formam em torno do nosso trabalho, nas
diversas faixas do Cristianismo Redivivo, a alegria do dever cumprido é
uma bênção que fica intransferível no coração.”
“Dizem que o primeiro passo para chegar ao palácio
da Paciência é saber esperar com
calma: quatro palavras contendo um mundo de ensinamentos.” (Do
mesmo livro, mesmo autor.)
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