Mudança de um modo de ser

Davilson Silva-

Quem não ouviu algum dia alguém usar desta expressão: “ficar pra semente”, ou seja, viver muito além da média?!

Que é a morte senão uma mudança natural, necessária. Há milhares de anos, civilizações têm se sucedido, constrangidas à perda do veículo de carne, a render culto ao respeito pelo pavor do inevitável fato, reverenciando a morte qual emissária da desgraça.

Jesus, materializado, com o Seu corpo perispiritual, 
diante de Maria (João 20:13-17)
Jesus Cristo foi o “Senhor do mundo”, “o Herói da Sepultura Vazia”, também “o maior divulgador da vida com excelente realidade a respeito da morte”, conforme o Espírito Joanna de Ângelis. Sem dúvida alguma, a mensagem de Jesus nunca estabeleceu diferença entre as manifestações do Espírito, estando este em ação aqui ou na existência espiritual. Ele próprio, Jesus, deu provas da Sua imortalidade, o que bem mais tarde o Espiritismo corroborou-Lhe os conceitos, interpretando-os com sensatez, libertando-nos da ignorância que leva a grande maioria dos indivíduos ao pavor, aos transtornos emocionais. 

Todavia, ao dar Jesus o testemunho do caráter contínuo da vida após o túmulo, graças ao convívio mantido entre homens e os Habitantes da Erraticidade, o Espiritismo abriu o portal do infinito, sublimando a vida eterna em todas as latitudes do Cosmo, em incalculável progressão.

A Literatura, a Poesia, a Pintura, o Cinema e, principalmente, a Religião representam a morte como portadora de infortúnio e horror, algo cruel, injusto, um castigo. Explicando sobre este tema, Mestre Allan Kardec escreveu:


Sendo o corpo exclusivamente material, sofre as vicissitudes da matéria. Depois de haver funcionado durante certo tempo, ele se desorganiza e decompõe-se; o princípio vital, não encontrando mais elemento para sua atividade, extingue-se e o corpo morre. O espírito, visto que o corpo privado de vida é, a partir de então, sem utilidade, deixa-o como se abandona uma casa em ruína ou uma vestimenta imprestável. (A Gênese, A. Kardec, capítulo 11, item 13 — tradução de Herculano Pires.)

Outro parecer:

(...) A vida espiritual é realmente, a verdadeira vida, a vida normal do Espírito. Sua existência terrena é transitória e passageira, uma espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da vida espiritual. O corpo é uma vestimenta grosseira, que envolve temporariamente o espírito, verdadeira cadeia que o prende à gleba terrestre, e da qual ele se sente feliz em libertar-se. (O Evangelho segundo o Espiritismo, A. Kardec, cap. 23, it. 8 — trad. J. H. Pires.)

O homem só vive uma vez

Semana Santa Orduña em 2010,  Foto: Meg Mamed 
 http//:megmamede.blogspot.com
Em a Natureza, nada se perde e tudo se transforma. Sendo a morte apenas uma condição segundo a qual o corpo, sem o hálito da existência, é aproveitado pela natureza inferior que lhe solicita os componentes.

A morte é o resultado de um desequilíbrio biológico-físico e químico. Com a morte, ou fim da existência, verifica-se no corpo humano o fenômeno alterante dos princípios essenciais por efeito químico-físico e microbiano, resultado de sua cadaverização. Extinta a funcionalidade orgânica, tal abiose automaticamente redunda em novo seguimento de natureza bioquímica, e a substância física passa por desordenada mudança celular, produzida pelas próprias enzimas microbianas que a consomem e a decompõe nutrindo-se do organismo inerte à custa de sua própria substância.

Dissera antes o Apóstolo Paulo que aos homens estaria ordenado a “morrerem uma só vez”. Com certeza, o homem, esse indivíduo pertencente à espécie animal tem apenas uma existência; mas o Espírito eterno, reproduzido em seu corpo perecível, continua na mesma posição evolutiva. Jesus afirmava que mortos são os que se apegam demasiadamente à matéria, sem querer perceber a realidade espiritual ao redor, aquilo que a eles diz respeito. Diga-se a propósito, em substância, o homem é o próprio corpo físico, nele contendo oxigênio (65%), carbono (18%), hidrogênio (10%), nitrogênio (3%), cálcio (2%), fósforo (1%), potássio (0,35%), enxofre (0,25%), sódio (0,15%), magnésio (0,05%), ferro (0,004%) e outros elementos importantes em número bem menor, tais como o manganês, cobalto, iodo, flúor, cobre, alumínio, níquel, bromo, zinco e silício.


O Espírito tem um corpo, e não ao contrário

Costuma-se definir mais o ser humano como uma individualidade física. Ora, o homem é uma criatura holística, e não deveriam concebê-lo à parte do componente espiritual. As qualidades que se atribuem à espécie humana, quais sejam, o raciocínio, a consciência de si, a competência de agir conforme fins estabelecidos e o discernimento de valores pertencem ao que dela toma posse, ou seja, o Espírito. Portanto, somos Espíritos, ou Almas (enquanto Espíritos encarnados), possuidores de um corpo, e não um corpo que possui um Espírito. Sendo ainda mais exato, o Espírito fabrica o seu envoltório físico: ele o aperfeiçoa, desenvolve e completa a sua organização somática, conforme o desejo de manifestar as suas novas propensões; enfim, ele o adapta segundo a sua inteligência e qualidade moral. 

O Espírito independeria da existência corpórea se não tivesse de progredir. Quando gerado por Deus, ele se tornou apto a fazer uso de suas faculdades, a princípio, rudimentares, daí revestir-se de um envoltório propício ao seu estágio de infância intelectual. Desse envoltório ele se desata para tornar a vestir outro melhor, e assim sucessivamente, à medida do aumento de suas forças e méritos morais. O Criador, por conseguinte, forneceu-lhe todas as condições, ficando-lhe à inteira disposição colocá-las em prática. Assim, cada conjunto de indivíduos de origem étnica, linguística e social comum foram se distinguindo dos grupos humanos primitivos, que também não deixam de evoluir, haja vista o cunho peculiar impresso em traços físicos e fisionômicos (vide A Alma da Terra, capítulo 8.o, A Gênese, de Allan Kardec). 

O corpo físico não passa de invólucro destinado a servir ao Espírito como meio de diversas manifestações, exprimindo-se segundo o grau evolutivo. Uma vez cessada todas as ações vitais desse invólucro, a Individualidade nele permanecida abandono-o, como bem explicou Kardec, qual se fora alguém que abandona uma casa em ruína ou quem rejeita uma indumentária puída pelo tempo.


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3 comments :

  1. Boa Noite Davilson, sou a Meg Mamede do Diário de Bordo, obrigada pela gentileza em informar os créditos da foto que utilizou aqui, não me importo que o faça. Parabéns pelo seu blog também. Abs

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  2. Estimado Davilson:
    Me senti muito feliz ao receber seu e-mail, recordando aqueles tempos do DCI e dos amigos que deixamos...
    Quero te felicitar pelo excelente blog e aspectos espiritualistas-humanistas,

    do amigo em terras espanholas,

    Pablo Villarrubia Mauso

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