Davilson Silva
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O Peixotinho prescreveu diversas indicações terapêuticas, com fantástica precisão, da sublime mediunidade que possuía.
O Peixotinho prescreveu diversas indicações terapêuticas, com fantástica precisão, da sublime mediunidade que possuía.
Faz quarenta e cinco anos que um grande médium de efeitos
físicos, de belíssimas materializações opacas e luminosas, deixou este mundo.
Falamos do médium Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho. Nascido em 1.º de
fevereiro de 1905, natural de Pacatuba, Ceará, é considerado um dos maiores
médiuns do mundo por sua grande capacidade de liberação ectoplasmática e por
também ter sido competente médium receitista.
Para se ter uma ideia da faculdade de receituário médico de
Peixotinho, os de sua família, esposa e filhos, jamais se valeram de
medicamentos alopáticos, tratados apenas à base da homeopatia, medicamentos
receitados pelos Espíritos através dele. Pela peculiar aptidão de intérprete
dos Espíritos, pelo meio psicográfico, em 1936, Peixotinho prescreveu diversas
indicações terapêuticas, com fantástica precisão, justificando a grande e
sublime mediunidade de que era portador.
Tendo a mediunidade de efeitos físicos já desenvolvida de 1938 a 1941, ele atuava no Grupo Pedro, em Macaé, Estado do Rio de Janeiro (RJ).
Em 1944, militar do Exército Brasileiro, foi transferido para Imbatuba, em Santa Catarina, e nem por isso interrompeu o atendimento aos enfermos através dos receituários. Transferido de novo, em julho de 1945, voltou para o Rio a fim de prestar serviços na Fortaleza São João. Nesse período, em sua residência na área habitacional dos militares, aconteceram os primeiros fenômenos tangíveis, e em 1946, o médium fez parte do Grupo Espírita André Luiz.
Finalmente,
em 1949, a numerosa família Peixoto fixou residência em Campos dos Goytacazes
(RJ), continuou Peixotinho na sua missão de curar os enfermos e de produzir
lindas e admiráveis materializações. No final da década de 1950, grande
quantidade de enfermos buscava-lhe auxílio na residência da Rua Dr. Miguel
Herédia, 146, da referida cidade, e dona Baby, Benedita Vieira Peixoto, sua
esposa, muito lhe ajudava.
Alívio do corpo e da alma
Ali,
a caridosa dupla acolhia quem fosse em busca de uma cura ou de um alívio para
os seus males físicos ou morais. Antes do atendimento, ministravam-se as luzes
consoladoras de O Evangelho segundo o Espiritismo. Peixotinho teve que
fundar um grupo espírita, devido ao aumento de enfermos, passando a atendê-los
no mesmo endereço, só que nos fundos do quintal da residência. Foi aí que, em
25 de dezembro de 1954, ele inaugurou o Grupo Espírita Aracy; as
materializações tornaram-se cada vez mais intensas.
Muitos
puderam testemunhar materializações de Entidades desencarnadas, além de formas
luminosas, de objetos trazidos de regiões distantes, de flores e outros
fenômenos. Os Espíritos materializados apresentavam-se como magníficos luzeiros
entre as pessoas, conversavam com elas, faziam cirurgias, discursavam sobre
temas evangélicos, escreviam, declamavam poemas, versos, pintavam, desenhavam,
compunham canções.
O ex-delegado de polícia,
Américo Rafael
Ranieri (1919/1989),
que se tornou escritor
e médium espírita
e amigo de Peixotinho.
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Por
causa do desenlace da filha, o delegado Ranieri, descrente de tudo, de Deus,
vendo os fenômenos espíritas com desconfiança, sofria demais. Revoltado e não
se conformando com a morte da filhinha, fizeram-no chegar até o médium
Peixotinho; Ranieri abraçou o Espiritismo; tornou-se espírita convicto e
confesso pelo motivo de que, mais adiante, vamos saber.
Peixotinho e Chico Xavier, em 1957.
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Aqui temos transcrito um trecho de um dos interessantes relatos que constam da já citada obra do delegado Ranieri, acerca de uma
ocorrência, provavelmente, a mais importante de toda a sua vida. Tal notável acontecimento se deu na primeira reunião com o médium Peixotinho, no ano de 1948, inclusive com a presença
do inesquecível Francisco Cândido Xavier, muitíssimo amigo da família Peixoto Lins, o qual considerava Peixotinho um verdadeiro filho:
(...) Sucederam-se as aparições que vinham
conversar com os presentes no recinto. A chegada dos Espíritos na cabine era
assinalada por clarões que lembram relâmpagos de cor verde-roxo-azulada”.
O médium Peixotinho tornara-se meu
conhecido em Belo Horizonte dois ou três dias antes da reunião; não conhecia
minha família nem sabia se eu possuía ou não filhos. Não viu nenhum retrato de
filhos meus. Finalmente, não tratamos desse assunto. No entanto, entre os
Espíritos que se materializaram, em forma luminosa, apresentou-se o Espírito de
minha filha Heleninha, que com dois anos de idade “morrera” no ano de 1945.
Na mesma estatura, em voz semelhante,
dirigiu-se a mim dizendo algumas palavras de saudação. Deixou-me uma flor como
lembrança, ainda fresca e cheia de orvalho. Embora pareça inconcebível, não me
emocionei com a presença dela e pude dirigir-lhe calmamente a palavra. Era
realmente ela sem deixar dúvida alguma.¹
Virtuoso por excelência
Peixotinho,
dono de extraordinária capacidade medianímica, era um virtuoso por excelência.
Pessoa alegre, desprendida e modesta, enfim, um verdadeiro homem de bem, fazia
a caridade genuinamente cristã sem fazer alarde. Por seu intermédio,
materializou-se a sua amada filha, Aracy, desencarnada com um ano e oito meses
de vida; André Luiz, Clarêncio (o ministro da colônia espiritual Nosso Lar),
Scheilla, José Grosso, Nina Arueira e outros Espíritos também foram por ele
materializados.
Em
sua residência, nas mais das vezes parecendo improvisado hospital, mendigos,
conhecidos, desconhecidos, enfermos, eram recebidos com todo o carinho, por ele
e D. Baby. Quando esse abençoado casal reunia-se com os nove filhos à
mesa, para o culto do Evangelho no Lar, de repente, do teto, caía sobre eles
uma chuva de pétalas de rosas, provindas do Mundo Espiritual...
Escreveu
assim em seu interessante livro, Dossiê Peixotinho, o saudoso Lamartine Palhano Jr. o
qual tive o prazer de conhecer pessoalmente quando de uma palestra na antiga
Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói (RJ), no ano de
1985:
(...) O seu trabalho mediúnico em
Campos durou doze anos, até o dia de sua desencarnação em 16 de junho de 1966.
Viveu de seu soldo militar. Sempre fiel à família, teve em sua esposa Baby a
mais dedicada amiga, companheira vigilante e conselheira. A simplicidade do
casal manteve a serenidade do lar que contou com um filho e oito filhas.²
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¹RANIERI, R. A. Materializações
luminosas. Do 1.° ao 5.° milheiro. São Paulo: Federação Espírita do Estado
de São Paulo (Feesp), s/d. Capítulo 1.°, página 18.
²PALHANO JR., Lamartine. Dossiê
Peixotinho. 1. Ed. Niteroi: Edições CELD, 1994. Página 34.
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